Segunda, 14 de abril de 2014
Assim, me pergunto como vamos
estar daqui a pouco, uns 10 anos, não mais, nesse ritmo frenético de
gentrificação tão agressiva? Então, peço a vocês, leitores, que me
auxiliem em minha busca por respostas, pois eu realmente não sei mais
nada, eu sei que alguma coisa mudou.
O que fazer com os pobres no Brasil?
O
que fazer se na sua grande maioria os pobres do Brasil são negros,
mestiços e descendentes de vítimas do tráfico de pessoas escravizadas
com o abono institucional que vigorou em nosso chão?
O que fazer
como os andarilhos, pessoas com sofrimento mental, sem teto,
desafortunados, crianças abandonadas em situação de rua, pedintes,
viciados em craque e álcool e outras tantas categorias de desvalidos
concidadãos?
O
que fazer com os jovens que não ocupam mais os bancos escolares, porque
nós não fazemos nada para tornar a educação capaz de mantê-los ali e
alçá-los ao patamar de possibilidades que todo e toda jovem deveria ter?
O que fazer com os mais de 20 milhões de brasileiros segundo o IPEA que estão sem moradia?
O
que fazer com os analfabetos funcionais, com os jovens negros que têm
quase quatro vezes mais de chances de morrer por morte violenta do que
um jovem branco, em um país que diz não tolerar o racismo, ou melhor, de
ser um país miscigenado, como se isso abonasse qualquer pecado?
O
que fazer com as mulheres que ainda são alvo de violência por parte de
homens, quer se relacionem com eles ou simplesmente estejam em um mesmo
meio de transporte, e com consentimento de 26% da população?
O que fazer com um sistema prisional em colapso, e com uma população quase monocromática?
O que fazer com a ausência de um bom sistema de saúde, educação, transporte e segurança?
O
que fazer com os órfãos das Cláudias, dos Amarildos, dos tantos e tantas
que este espaço se faria, e o é insuficiente? Afinal, 10 mil mortes em
10 anos é de arrepiar, como o agravante de que segundo a OAB, são mais
os desaparecidos da democracia dos que os da ditadura.
O que fazer do Brasil?
O
que fazer de nós, que não podemos sair estrategicamente e voltar depois
quando tudo melhorar, como os nossos irmãos da matéria citada no início
deste artigo?
Alguém pode me tirar esta dúvida enquanto ainda estamos vivos e "livres"?
"A
nossa luta é todo dia e toda hora. Favela é cidade. Não à GENTRIFICAÇÃO
ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REMOÇÃO!"
*Representante
da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e
aluna da Licenciatura em Ciências Sociais pela UERJ.