Terça, 15 de abril de 2014
Da Tribuna da Bahia
Lideranças nacionais e regionais
do PSDB, DEM e PMDB selaram, nesta segunda-feira (14/4), em Salvador, uma
aliança para a disputa ao governo estadual e ao Senado. É a primeira aliança
estadual da oposição com o PMDB, principal aliado nacional da presidente Dilma
Rousseff.
Os três partidos lançaram como
pré-candidatos Paulo Souto (DEM) ao governo estadual, Joaci Góes (PSDB) como
vice-governador, e Geddel Vieira Lima (PMDB) como postulante ao Senado. O
evento reuniu cerca de 1.500 pessoas no Hotel Sheraton e contou com a presença
do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, e do prefeito de Salvador,
ACM Neto.
“Venho celebrar aqui uma
belíssima construção política, sobre o comando do prefeito ACM Neto, uma
aliança a favor da Bahia e a favor do Brasil. É até agora a mais bem sucedida
construção política feita para essas eleições, porque incorporam não apenas os
partidos de oposição, como agrega também setores que hoje assistem a falência
de um governo”, ressaltou Aécio Neves na chegada ao evento.
Em seu discurso, o prefeito ACM
Neto agradeceu publicamente ao PSDB pela confiança e destacou que os
adversários duvidaram da união da oposição com o PMDB na Bahia. “Estamos
fazendo uma aliança que ninguém imaginou que fosse possível. Essa é mais forte
aliança já montada pela oposição na história da Bahia”, destacou o prefeito de
Salvador.
Durante os discursos, as
lideranças críticaram o governo da presidente Dilma Rousseff pela crise na
economia e pelo que consideram “omissão federal na saúde, educação e na
segurança pública dos estados”.
Para o ex-governador Paulo
Souto, há um esgotamento do PT na Bahia e no Brasil. “Estamos atendendo a um
sentimento de grande parte da população da Bahia”, destacou o pré-candidato ao
governo da Bahia.
Pré-candidato a vice-governador
na chapa da oposição, o empresário e advogado Joaci Góes elogiou a união dos
três partidos em torno de um projeto de alternância de poder. “A Bahia está de
joelhos. Precisamos colocá-la novamente de pé”, afirmou Goés.
O ex-ministro da Integração
Nacional, Geddel Vieira Lima, pré-candidato ao Senado pelo PMDB da Bahia, fez
questão de deixar claro sua oposição ao petismo. “É hora de virar a página e
olhar para frente. É hora de ousar. Essa gente que está aí já deu!”, disse.
O líder do Democratas na
Assembleia Legislativa, Carlos Gaban, disse que “esta é a aliança mais completa
de oposição do país”.
Para Gaban, “o encanto com o PT
acabou”. Segundo ele, “nenhum compromisso assumido pelo PT com o povo baiano
foi cumprido, a exemplo da ferrovia Oeste-Leste, do porto Sul e da Jac Motors
que continuam no papel”.
Veja o que declarou Aécio Neves,
em Salvador
Sobre o lançamento de
pré-candidaturas na Bahia
Temos uma aliança consolidada e
na Bahia o que assistimos, hoje, foi a mais bem sucedida construção política
que aconteceu, até agora, no Brasil, para as eleições de 2014. Sob a liderança
do prefeito ACM Neto, o prefeito mais bem avaliado do Brasil hoje, constrói-se
uma aliança que traz o PSDB, o PMDB e outras forças políticas o que torna a
chapa não apenas competitiva do ponto de vista do Estado, e ela é muito
competitiva, como também permitirá que no plano nacional tenhamos aqui um apoio
que nós não tivemos nas últimas eleições. É uma aliança extremamente sólida, e
eu vim aqui para cumprimentar aqueles que com desprendimento e com capacidade
política colocaram à frente o interesse da Bahia. Que assim, como no plano
nacional, o sentimento é de mudança. Os baianos querem mudança, os brasileiros
querem mudança. Querem um governo que concilie ética com eficiência. E essa é a
proposta de Paulo Souto, de Geddel. E é a nossa proposta no plano nacional.
Sobre os desafios da oposição
Enfrentamos uma máquina
utilizada sem qualquer limite. Hoje há quase um monólogo no plano nacional onde
só fala a propaganda bilionária do governo federal, onde só fala a presidente
da República. Esperamos o início do contraditório, do tempo do debate, da
discussão. Porque o governo da presidente Dilma falhou na economia, ao nos
deixar como legado inflação alta, crescimento baixo e uma perda crescente da nossa
credibilidade, o que afeta os nossos investimentos. Fracassou na
infraestrutura, o Brasil é um dos países mais caros do mundo, porque
demonizaram as parcerias com o setor privado durante dez anos, e agora a fazem
de forma envergonhada e amadoristicamente. E falhou também nos indicadores
sociais. A saúde é uma tragédia no Brasil. O governo do PT, quando assumiu,
investia 56% de tudo o que se gastava em saúde. Hoje, apenas 45%. Na educação,
deixamos de avançar, estamos indo para o fim da fila na região. E na segurança
é essa omissão quase que criminosa do governo federal que gera o aumento da
criminalidade em todas as regiões. O sentimento que existe hoje no Brasil é o
sentimento de que já deu! Precisamos iniciar um novo ciclo e tenho certeza que
isso se inicia aqui na Bahia com essa aliança extremamente forte.
Sobre a possibilidade de a
aliança com o PMDB ser ampliada
Do ponto de vista dos estados,
ela já vem acontecendo. Em alguns estados, as conversas avançam. Ninguém muda a
realidade e a natureza das relações locais. Hoje há setores não apenas do PMDB,
mas de outros partidos da base governista, insatisfeitos com isso que está aí.
As pessoas já estão percebendo que essa aliança só serve aos interesses do PT,
não serve aos interesses do Brasil. Espero sim, a partir do se construiu na
Bahia, que possamos ter parceiros do PMDB em outros estados da Federação, ao
nosso lado.
Sobre a possibilidade de
alianças com outros partidos da base do governo federal
Temos alianças naturais há muito tempo, por exemplo, com o PP. O PP hoje
governa meu Estado, sucedeu o governador Antonio Anastasia. Temos alianças
muito avançadas, com eles no Rio Grande do Sul. Temos parcerias com o PDT, por
exemplo, em Mato Grosso. O que quero dizer é que, independente de uma aliança
nacional, em muitos estados vai haver alianças do PSDB e da nossa candidatura
com partidos que hoje estão na base. Aliás, essas alianças já existem e vêm se
consolidando ao longo dos últimos anos.
Mas a grande aliança que
buscamos é com a sociedade. Aliança com as pessoas que não aceitam mais o mau
uso corriqueiro do dinheiro público. Esse desrespeito aos cidadãos brasileiros,
como vem acontecendo com a Petrobras. Amanhã, inclusive, vamos cedo ao Supremo
Tribunal Federal, esperando que possa haver uma liminar, que permita a
investigação em relação a esse desatino que tomou conta do comando da
Petrobras, com prejuízos gravíssimos aos brasileiros. Nós – antes que me
perguntem, já antecipo aqui – não somos contra qualquer outro tipo de
investigação. Que se faça. A base governista tem maioria suficiente para
investigar o que quer que seja.
Sobre a situação dos municípios
Tenho dito há muito tempo que a
raiz principal dos problemas por que passa o Brasil é o fortalecimento da União
em detrimento de estados e municípios. Nós precisamos refundar a Federação no
Brasil. Fazer uma agenda que permita a estados e municípios readquirirem as
condições de enfrentar as suas demandas. Cada vez mais o Brasil caminha para
viver em um Estado unitário. E nenhum dos temas da agenda da Federação, muitas
apresentadas até pelo próprio governo, avançaram. No limite, no momento das
votações, o governo do PT impediu que qualquer benefício a estados e
municípios, como agora na renegociação das dívidas, fosse aprovado. Vamos criar
uma agenda propositiva que resgate a força e o papel dos municípios e dos
estados brasileiros.
Sobre a ida da presidente da Petrobras, Graça Foster, ao Senado
É mais uma oportunidade. Esperamos que ela possa prestar esclarecimentos.
A CPI, ao contrário do que acha o PT, na verdade, o que eu vejo hoje é um
governo federal à beira de um ataque de nervos, quando se fala em CPI da
Petrobras. Mas a CPI não tem o poder de, a priori, antecipadamente, julgar e
condenar quem quer que seja. Ela é um instrumento, e ela dispõe de instrumentos
importantes, para fazer as investigações. E se houver delito, se houver alguém
que cometeu ilicitudes à frente da empresa, que seja responsabilizado por isso.
Mas não estamos pré-julgando. O que queremos, e veja bem, essa CPI teria grande
maioria governista, é que as pessoas possam ir lá e explicar o que efetivamente
aconteceu para que a Petrobras, que habitava as páginas econômicas, durante os
últimos 40 anos do noticiário brasileiro, agora não saia das páginas policiais.