Quarta, 2 de abril de 2014
A pior consequência do julgamento do
mensalão foi o desmonte do Supremo, agora totalmente aparelhado e
submisso ao Executivo federal, diz diretor do IFC. “O STF de agora
escolhe um ou outro caminho em função dos interesses que está
representando”
Do Congresso em Foco
Do Congresso em Foco
Por Henrique Ziller *
O mensalão, quando ainda não havia caído em desgraça, era a
ferramenta mais sofisticada e ousada da realpolitik. A vitória cabal do
pragmatismo, o anúncio de uma nova configuração da relação dos poderes
da República. A chamada governabilidade seria, assim, a volta triunfal
do primado da política sobre o Direito. Não contavam seus operadores com
a possibilidade de que alguns ministros insubordinados, no STF, a
classe média, e a “velha (e reacionária) mídia” se oporiam a esse modus operandi
já impregnado em diversos entes na nação (na União, nos estados e nos
municípios), com força suficiente para superar a acomodação política
cultural de nossa população.
Lula admitiu candidamente que o PT só fez o que os outros partidos
também faziam: a política é assim mesmo. Talvez seja, e somos nós – que
entendemos a corrupção como câncer – que estamos do lado errado,
causando algum embaraço à evolução natural das atividades político
partidárias eleitorais.
* Henrique Ziller é graduado em Comunicação Social pelo
UniCeub, pós-graduado em Marketing, pela Escola Superior de Propaganda e
Marketing e mestre em Administração Pública pela UnB. É auditor federal
de controle externo no TCU e diretor do Instituto de Fiscalização e
Controle (IFC).