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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Irmãos fazem dramático apelo para que não matem seu pai que, para eles, foi uma mãe

Quinta, 12 de novembro de 2020

Por

Taciano — Blog Gama Livre

Veja este relato de um filho e seus irmãos

Lembro do meu pai quando eu ainda era pequenininho. Pai superprotetor. Meus irmãos, e os filhos dos meus irmãos, e também os filhos dos filhos dos meus irmãos e também todos que o conheceram afirmam que ele “era uma mãe”, pois falam que mãe é mãe. Pai ou mãe, o que importa é que ele fazia o que era possível fazer no atendimento de seus filhos. 

Lembro do meu pai. E minha mãe me contou que antes de eu nascer meu pai já dedicava a ela todo o cuidado, com carinho de quem verdadeiramente ama. Era a atenção, o cuidado com ela e com o neném (eu) que ela levava no ventre. E assim era com todos os meus irmãos.

Quando nasci, os cuidados daquele pai se estendeu a mim. Foi ele quem me protegeu dando-me as primeiras vacinas, nasci no hospital, claro, no velho e querido Hospital Regional do Gama (HRG). Mas logo adiante foi meu pai, esse pai carinhoso, que me examinou e sempre cuidava da minha saúde. Se eu tinha um uma dorzinha de barriga, logo minha mãe cortava a cidade comigo no colo e levava até meu pai. Ele estava sempre disposto a atender-me, examinar-me, atendimento de quem ama seus filhos. Atendimento nota 10.

Para falar a verdade, meu pai era um danado. Além dos muitos filhos que aqui no Gama teve, alguns dos quais eu não sei os nomes mas os vejo, meu pai tinha outros filhos espalhados por aí, e os tratava muito bem. Tinha filho em Goiás, no chamado Entorno de Brasília, especialmente no Entorno Sul. Filhos também tinha em algumas cidades de Minas Gerais. E não é que ainda pequeno eu descobri que esse meu pai tinha filhos em Mimoso do Oeste (hoje Luiz Eduardo Magalhães), Roda Velha, Barreiras, Angical, Cotegipe, Vanderlei, que são cidades do Estado da Bahia? Filhos, portanto também meus irmãos, até no Estado do Piauí ele tinha. E os amava. E os atendia aqui no Gama no lote em que morava, e mora até hoje.

Alguém há de achar que meu pai era um desalmado. Não, de maneira alguma. Ele era um pai que acolhia na doença e na dor, todos os seus filhos. E era na doença e na dor que ele mais se dedicava e melhor acolhia seus filhos que viviam nesse mundão de meu Deus.

Hoje, depois de maltratado por seus seus chefes, pela indiferença, e mais tarde pela perversidade de tais chefes, ele, o meu pai, está alquebrado. Doente está, mas morto não. Ele tem uma vontade, e certeza inabalável, que um dia será curado, suas feridas serão tratadas, seu coração recuperado e ele continuará vivendo no mesmo terreno em que nasceu, e acolhendo aí seus amados filhos, todos eles. E deseja tudo isso para que possa dedicar-se com amor novamente aos seus filhos, aos filhos dos seus filhos, e aos filhos dos filhos de seus filhos. E aos amigos dos seus filhos.

E aqui vem um grito deste seu filho e, também, da totalidade, ou quase totalidade de seus filhos. Não é totalidade porque, afinal, sempre ocorre uma ou outra rês desgarrada, um filho que ignora o pai, mesmo sendo esse pai uma mãe.

E o grito dos filhos deste pai querido é:

Governador Ibaneis, não deixe seu governo matar o nosso pai, o Centro de Saúde 8 do Gama (DF)!

Reconstrua o Centro de Saúde 8 no mesmo lugar em que sempre viveu esse pai amoroso com seus filhos.


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Entenda o caso em DENÚNCIA: Área do Posto de Saúde nº 8 do Gama será entregue por Ibaneis ao Hospital Maria Auxiliadora