Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Sou do país das "Maricas", com muito orgulho e sem pólvora creiam!

Quarta, 11 de novembro de 2020


Por Cida Torneros*

Valha-me qualquer Deus, em tempos de presidente apoiador de tortura, que é preciso gritar que as "maricas" somos todas, de todos os gêneros, roubadas descaradamente por políticos profissionais e elites hipócritas que nos manipulam para crer que estamos não só abaixo da linha do Equador. Esses farsantes e até assassinos, são coniventes com a morte dos sonhos de muitas gerações. Mas, não passarão. A bem da verdade, começam a desesperar por pressentir que nos uniremos para salvar nossas peles curtidas por sóis de luminosidade ofuscante que nos cegam até em nome das divindades.

O discurso do opressor, da porrada, bomba e totalitarismo será escoado no próprio esgoto, embora milhares de vidas de brasileiros tenham sido ceifadas no cerne deste extremismo insano.

Nossa história é maior. Nosso povo miscigenado mais desperto, nossa gente brasileira tem sentido na carne o quanto essas criaturas de mal presságio já nos vilipendiaram por séculos.

Gosto de perceber que o gigante espreguiça. Sairá finalmente despertado do sono onde esteve adormecido e até dopado por teorias que interessavan aos poucos detentores de poderes de dentro e de fora.

Está chegando a hora da retomada de nossas forças de "Maricas" que somos maioria, que somos chefes de famílias, que abraçamos com orgulho nossas diferenças de gênero, religiões ou raças, porque temos algo que essa gente que pensava deter o  comando, vê finalmente que a força sem pólvora está do nosso lado.

O lado dos valores que não racharam. Que seriam incapazes de tripudiar irmãos em nome de discriminar ideologias ou sacrificar gerações futuras.

A luta é grande. Mas nossa capacidade de existir é maior. 

Somos as Mariazinhas, Maricotas, Marias, com falos ou sem eles, de saias ou calças, porém com um fator preponderante: temos dignidade que tropas ou armamentos sofisticados, os tais "tiros , porradas e bombas," jamais exterminarão. Porque somos sementes. Matem-nos e ressurgiremos. Como Marielle, como Zumbi, como dom Helder, como Brizola, como milhares que lutaram por nós e tinham orgulho de serem as "Maricas" da vez.

A fala deste Jair Messias é podre. Fede a cadáveres vítimas de escravidão , tortura, covid 19.

Traduz a pior face do extremismo totalitário  e populista,  além de oportunista e criminoso.

Cadeia pra essa gente é pouco. Há de haver algo mais eficaz ou punitivo na proporção que merecem.

Nós, do país das "Maricas" vamos mostrar pra ele e seus fanáticos seguidores que as Marias das periferias podem tudo. Até derrubá-los quando menos esperarem.

Cida Torneros

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Maria Aparecida Torneros, jornalista aposentada, edita no Rio de Janeiro o Blog Vou de Bolinhas.