Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Mês da Consciência Negra. Fórum Comunitário e de Entidades do Gama (FComGama) homenageia personagem negra da cidade: Carliene Sena

 Segunda, 16 de novembro de 2020

Carliene Sena



CARLIENE SENA
Nascida em 20 de Maio de 1985, no hospital Dom Bosco Brasília, de família pioneira, sendo os avós maternos de Irecê-BA e paternos de Campina Grande-Paraíba. As famílias ganharam lotes na quadra 13 do Setor Sul, vindos da invasão de Taguatinga. Fez o Ensino Fundamental na Escola Classe 29 do Gama (antigo CEF 09) e o Ensino Médio no CEM 03, da mesma cidade. Engravidou da sua primeira filha aos 15 anos, ainda no 1° ano do Ensino Médio; aos 18, em 2003, terminou o ensino médio grávida do 2° bebê.

Fez curso de cabeleireira, profissão que dividiu com muitas outras, para dar o sustento aos seus filhos. Foi desde caixa em shopping, passando por frentista em posto de gasolina à vigilante no antigo CAJE (Centro de Atendimento Juvenil Especializado), na Quadra 916 Norte, Plano Piloto de Brasília. Lá conheceu uma psicóloga que a inspirou e, em 2009, fez o ENEM. Com boa nota ingressou em uma universidade particular pelo PROUNI para cursar psicologia.

Com muita dificuldade, após perder o emprego de vigilante, não desistiu de estudar. Estagiou na Defensoria Pública do DF onde atuava, principalmente, em casos de pedido de internação compulsória para usuários de crack e outras drogas, assim conheceu o trabalho em rede e as dificuldades da população em acessar os equipamentos públicos.

Durante a graduação iniciou seu processo de politização, dando vazão à toda a insatisfação com as dificuldades do povo. Foi nesse processo que se reconheceu enquanto mulher negra, foi da coordenação geral do DCE e co-fundadora do coletivo Atitude Negra que realizou a primeira semana de visibilidade afrobrasileira na Universidade. Iniciou a militância na Marcha Mundial das Mulheres, no Movimento Afrodescendente de Brasília — MADEB e em partido político.

Ao terminar a graduação, em 2015, não havia indicação de emprego, mas uma sede de luta e participação social. Assim, representou o MADEB nos conselhos de saúde do Gama e do DF, no Conselho de Juventude do Gama e, representando o Conselho Regional de Psicologia, foi conselheira dos Direitos da Criança e do Adolescente (CDC) do DF.

No CDCA conheceu a diretora do Centro de Convivência Infantil Nossa Senhora do Carmo pertencente às Obras Assistenciais Padre Natale Batezzi, creche conveniada à SEDF que atende crianças de 2 a 4 anos no Setor Leste do Gama e serviço de Convivência para crianças e adolescentes de 6 a 14 anos.

“Fui convidada para trabalhar na instituição, inicialmente como coordenadora de projetos no serviço de Convivência e, em seguida, passei a integrar o quadro da creche como psicóloga. Escrevi projetos para captação de recursos do Fundo da Criança e do Adolescente do DF, o que possibilitou a construção de um segundo andar no prédio da instituição, ampliando o espaço com a criação de novas salas para o atendimento às crianças.

Com essa experiência na educação, resolvi fazer uma segunda graduação em pedagogia e participei do concurso da Secretaria de Educação em 2016. Em fevereiro de 2018 tomei posse como professora de atividades, passei por duas escolas até conseguir lotação definitiva na EC 29 do Gama — Entre Quadra 13/15, Setor Sul — a mesma em que fiz todo o Ensino Fundamental.

Sou muito feliz por poder alfabetizar as crianças da minha comunidade. Sei que ainda há muita luta social a ser travada, faremos juntos e juntas a luta da comunidade para que cada criança e adolescente possam realizar seus sonhos, para que a cor da sua pele, a sua origem, não sejam impedimentos para adentraram em qualquer espaço social.”

Mulher, negra, feminista, mãe solo, 1 filha e 1 filho. Professora da SEDF e psicóloga. Especialista em Políticas Públicas para Infância, Juventude e Diversidade pela UNB. Ativista pela infância e juventude em luta por direitos e justiça social.