Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Os sonhos não envelhecem

 Quinta, 19 de novembro de 2020

Por

Professora Fátima Sousa*

A esperança reacendida em nossos corações pelos resultados das eleições municipais deste ano, nos mostra que é tempo de florescer.

Defensores(as) dos direitos de mulheres, pretos e pretas, LGBTQIA+, indígenas, dentre outras populações deixadas em escanteio em nosso país, assumem agora espaços de poder para trabalhar pelos verdadeiros interesses da população brasileira. Um aumento ainda pequeno – 1,5%, mas de grande relevância em comparação a 2016, este ano, 12,2% dos municípios brasileiros terão mulheres como gestoras e ainda podem ter mais cinco após o segundo turno.

Há ainda a vitória de 15 pessoas transexuais e travestis eleitas vereadoras, democraticamente e com recordes de votos, para demonstrar que além de sair do ideário marginalizado, ocuparão espaços que outrora pareciam absurdamente distante no país que mais mata pessoas transexuais e travestis no mundo.

As lentes ampliadas das urnas nos apontam para representantes declaradamente LGBTQIA+, um número que chega a mais de 60. Essas e esses vereadores vão representar milhares daquelas e daqueles que sabem o quanto esses locais de fala e poder são significativos a essa parcela da população.

Tivemos ainda o sopro da esperança ao saber que candidatos, cujas bandeiras eram a retirada de direitos sociais e o desmonte das políticas públicas, foram derrotados. Derrotados por um povo que se recusa a voltar a ser escravizado e exterminado pela falta de garantia a direitos e a políticas públicas contra o racismo, genocídio, feminicídio. É tempo de florescer. E floresceremos juntamente com todas essas sementes plantadas nos centros de poder do Brasil.

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*Fátima Sousa
Paraibana, 57 anos de vida, 40 anos dedicados a saúde e a gestão pública; 
Professora e pesquisadora da Universidade de Brasília;
Enfermeira Sanitarista, Doutora em Ciências da Saúde, Mestre em Ciências Sociais; 
Doutora Honoris Causa;
Implantou o ‘Saúde da Família’ no Brasil, depois do sucesso na Paraíba e em São Paulo capital; 
Implantou os Agentes Comunitários de Saúde;
Dirigiu a Faculdade de Saúde da UnB: 5 cursos avaliados com nota máxima;
Lutou pela criação do SUS na constituinte de 1988;
Premiada pela Organização Panamericana de Saúde, pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.