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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Brasília, uma cidade (in)sustentável

Terça, 16 de agosto de 2022


Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna

A Capital Federal está longe de ser um exemplo de sustentabilidade a ser seguido. O Instituto Cidades Sustentáveis desenvolveu o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-BR). Por ele, o Distrito Federal apresenta uma modesta pontuação, 57,52, numa escala onde 100 é a excelência. Está na 311ª posição, dentre os 5.570 municípios do Brasil, perdendo para cidades com bem menos recursos como São Caetano do Sul, Jundiaí e Valinhos, que lideram o ranking.

Por Chico Sant’Anna

Brasília foi concebida sob a filosofia de cidade-parque, um modelo urbanístico derivado do conceito de cidade jardim, garden city, desenvolvido pelo britânico Ebenezer Howard, ainda no final do século XIX, para assegurar a permanência da natureza nas cidades que já demonstravam vocação para crescer. Não precisa ser um conaissaire de urbanismo para entender que a proposta era de uma cidade ambientalmente correta. Nos dias de hoje, uma cidade tida como sustentável vai além dos parques e jardins. A ONU relacionou 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). É a chamada Agenda 2030, um pacto supranacional para o enfrentamento dos principais desafios globais e que foi assinado por 193 nações dentre eles o Brasil.

Tomando como padrão esses 17 objetivos, a Capital Federal está longe de ser um exemplo a ser seguido. O Instituto Cidades Sustentáveis desenvolveu o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-BR). Por ele, o Distrito Federal como um todo, apresenta uma modesta pontuação, 57,52, numa escala onde 100 é a excelência. Está na 311ª posição, dentre os 5.570 municípios do Brasil, perdendo para cidades com bem menos recursos como São Caetano do Sul, Jundiaí e Valinhos, que lideram o ranking.

O relatório do IDSC-BR é um ótimo guia para os políticos que se posicionam para comandar o DF nos próximos quatro anos. Fazer Brasília subir nesse ranking já seria um excelente governo. A tarefa, contudo, não é fácil, pois os erros e omissões passadas se avolumaram. Para a professora de Saúde Pública da Universidade de Brasília, Fátima Sousa, Brasília está longe de ser uma cidade saudável. “A pandemia expôs as feridas abertas dos descasos, despreparos e descompromisso em pensar um outro modelo econômico, social, ecológico e cultural para que o povo do DF possa viver com dignidade, e desfrutar das riquezas e potencialidades dessa cidade” – diz ela.

Os habitantes do DF convivem com a dicotomia de possuir um dos maiores PIB per capita, e ser a campeão de desigualdade. No Lago Sul, o rendimento médio mensal é de R$ 8,3 mil, já em Samambaia, Varjão, Paranoá, Riacho Fundo II e Estrutural, a renda média é menor do que um salário mínimo. Foto de Chico Sant'Anna.

Desigualdade social

A cidade que prometia ser a capital da esperança, a terra prometida, de onde jorraria leite e mel, segundo a profecia de Dom Bosco, peca exatamente nas desigualdades sociais, como o combate à fome e a promoção da igualdade entre gêneros.