Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 28 de agosto de 2022

O PODER DO EXEMPLO PUNINDO PSEUDOS GOLPISTAS

 Domingo, 28 de agosto de 2022

Henrique Matthiesen*

Nada mais didático e eficiente do que o exemplo. A justiça, além de ter seu caráter punitivo, serve, de forma sine qua non, como ação educativa por meio do exemplo, para que maus comportamentos ou pretensões criminosas sejam alertados e advertidos de suas consequências.


Darcy Ribeiro, nosso grande antropólogo dizia: “O Brasil tem uma classe dominante ranzinza, azeda, medíocre, cobiçosa, que não deixa o país ir pra frente.” Primorosa conceituação que se soma a outra frase: “nossa elite tem a mente colonizada.”


É verdade, um dos grandes males de nosso país é a mente atrasada de parte de nossa classe dominante; suas raízes escravocratas e sua falta de aptidão com a democracia e com nossa soberania.


A ação da Polícia Federal, com autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, contra alguns empresários bolsonaristas, que supostamente pregam um golpe de Estado, é essencial e didática.


Diferentemente da liberdade de expressão —valor sagrado de qualquer sistema democrático— a articulação, a pregação, ou o financiamento para atacar a democracia constitui crime, o qual deve ser investigado e punido exemplarmente.


É importante não nos olvidarmos dos exemplos pretéritos de tristes e funestos episódios, onde setores empresariais financiaram e articularam o golpe de 1964; o caso da FIESP e a compra da consciência (se é que tinha) do general Amaury Krüel; sem falar do financiamento dos órgãos de repressão.


Mais recentemente, o papel tosco de setores empresariais na promiscuidade com o Congresso Nacional, cujo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, orquestrou a deposição da presidente Dilma Rousseff e resultou na entrega da Petrobrás aos acionistas internacionais, e a aprovação da reforma trabalhista que retirou direitos dos trabalhadores.


Exemplos não faltam da inaptidão de setores empresariais com a democracia; e, evidentemente, não se pode generalizar: há muitos empresários sérios, corretos, produtivos e democratas. Entretanto, quando a democracia a duras penas conquistada, sofre ataques, é preciso reagir com vigor e firmeza para sua defesa.


Não se pode admitir a impunidade, a promiscuidade e a leviandade que estes empresários tratam a democracia e o país, com tamanha arrogância de se colocar acima da soberania popular.


O Brasil não pode retroceder em suas conquistas democráticas. O comportamento, as ações de vassalagem e desrespeito e os arroubos autoritários não podem ser admitidos.


E fundamental a vigilância constante e ininterrupta da sociedade civil e das instituições para que possamos ter um processo eleitoral justo, tranquilo onde a vontade soberana do povo possa ser exercida e que os eleitos possam governar.


Para estes golpistas a severidade da lei, o escárnio público e o exemplo para que não mais aventuras golpistas germinem em solo brasileiro, assim como também seria didático, que os ventos do norte contribuíssem com a punição (cadeia) de Donald Trump, para que nossas mentes colonizadas e atrasadas, quem sabe, perceberem que ninguém está cima da lei e do respeito à democracia.

 

* Henrique Matthiesen, formado em Direito e pós-graduado em Sociologia.