Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

O QUE O JN DEIXOU PRA NÓS

Sexta, 26 de agosto de 2026

Cada um dá o que tem.

Sobrou para Simone Tebet. Para sair de seus números simbólicos e ter um desempenho tal que a lance ao menos à frente de Ciro Gomes.

O presidente não queria ir. Impôs condições, dobrou as condições, esperneou, fez tudo para não ir. 

E tanto nós como ele sabemos muito bem porque não queria ir. Como é que alguém vai ficar naquela bancada do Jornal Nacional por um tempo tão generoso, tendo as vísceras reviradas, sem ter nada para mostrar a não ser a sua deseducação, a sua falta de conteúdo, o seu estilo xucro, tão diferente do bom humor, diferente do jeito até afetuoso que caracteriza a média dos brasileiros?

Por mais que tenha sido treinado, acomodado arreios na boca, fingido um jeito humilde, dali saiu não mais nem menos do que é.

Agradou o grupelho raivoso, odioso. Não furou essa bolha gosmenta que o cerca e lhe dá a falsa impressão de falar para multidões. Do alto de sua moto ou de seu Jet Sky.

E Ciro? Até os mais empedernidos adeptos sabem que não disputa nada. Fez a palestra que a bancada do JN lhe ofereceu. Aproveitou para fazer propaganda de seu "livrinho", como o teria designado Brizola e, agora, aguarda o debate.

Era e sempre foi isso. Candidato à entrevista do Jornal Nacional e ao debate com os candidatos reais.

Não ousamos dizer que renunciará à candidatura no dia seguinte, lançando ondas de saliva fervente contra Lula, que tem a culpa de ocupar o lugar que ele julga ser seu. E satisfeitíssimo consigo mesmo.

Chegou a vez de Lula e, por mais que tentassem provocá-lo, os entrevistadores foram sumindo, sumindo e desapareceram.

Se definido por alguém crente em Deus, por mais má vontade que tivesse com o ex-retirante, ex-favelado, ex-prisioneiro, o ex-presidente foi o eterno estadista. Lula provou, na prática, a existência de Deus. Somos mesmo frutos da criação de Deus! 

Só isso poderia explicar alguém sair de praticamente nada, atravessar condições tão agressivamente adversas e tornar-se o que Lula ontem exibiu.

Em tempo: pretende-se como seu adversário alguém que também comprova a existência de Deus. Só Ele exerceria tal pedagogia, para mostrar às pessoas de como não devem ser e principalmente de como um presidente não deve ser.

Fernando Tolentino

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*Fernando Tolentino é jornalista e administrador