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(Millôr Fernandes)

sábado, 22 de outubro de 2022

Milititarização de escolas não deu certo, aponta pesquisa

Sábado, 22 de outubro de 2022

Avaliação feita sobre quatro anos de militarização de escolas públicas aponta fracasso do modelo e riscos para a formação dos jovens. Pesquisa será lançada na forma de livro. Para o site Expreso 61, a obra escancara a repressão e a humilhação à crianças e jovens nas escolas militarizadas,


Por Chico Sant’Anna

A militarização de escolas públicas não deu certo. Essa é a conclusão de pesquisa desenvolvida ao longo do quatro ano pelo engenheiro elétrico, jornalista e mestre em Comunicação, Dioclécio Luz. Ele explica que essa “pedagogia” adotada por diversos Estados da Federação, se espelha em colégios militares, geridos pelas Forças Armadas. “Também nessas escolas funciona um quartelzinho de brinquedo, onde as crianças são tratadas como soldadinhos, e as mais comportadas recebem patente de oficial de brincadeirinha” – comenta

O resultado da pesquisa vai vir a público, em novembro próximo, sob forma do livro A escola do medo – vigilância, repressão e humilhação nas escolas militarizadas (Tanto Mar Editores). A obra é um ensaio jornalístico que critica o fenômeno das escolas públicas militarizadas, quando a gestão delas foi entregue para a Polícia Militar ou o Corpo de Bombeiros.
Livro

O livro de Dioclécio Luz mostra que essas escolas funcionam como “mini-quartéis, ou quartéis de brinquedo”. As crianças são tratadas como soldadinhos, como se tudo fosse uma brincadeirinha onde todos os dias fazem ordem unida, prestam continência ao sargento de plantão, não podem questionar as ordens dessa autoridade e cantam o Hino Nacional como se estivessem num quartel. O problema é que essas criançada e os adolescentes não são adultos e, portanto, jamais deveriam ser submetidos a um regimento disciplinar que foi feito para os adultos; na verdade, soldados se submetem a essa formação porque vão atuar no combate ao crime. Exigir das crianças a submissão a esse regime disciplinar é cruel, humilhante, uma afronta ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Essas escolas também afrontam o Art. 5º da Constituição ao invadir a seara da privacidade e intimidade do outro, e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Na verdade, não há nenhuma lei federal dando sustentação a essas gambiarras educacionais, essas antiescolas – como denomina a pedagoga e especialista em Gestão da Escola Pública, Catarina Santos, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.