Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Congelamento dos salários no serviço público

Sexta, 7 de setembro de 2011
 Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
O Jornal Valor Econômico mostra que a Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, afirmou que dará prioridade à aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 549/2009, que limita o aumento dos gastos com pessoal à inflação mais 2,5% ao ano. Na prática, isto significa o congelamento do salário dos servidores públicos federais, ativos, aposentados e pensionistas.

Portanto, mais uma vez se confirmam os alertas dados no ano passado pela Auditoria Cidadã da Dívida imediatamente após as eleições, sobre a intenção do governo de aprovar este projeto. É por isso que a base do governo na Câmara obstruiu a sessão de 15/12/2010 da Comissão de Finanças e Tributação, que rejeitaria o Projeto devido à maciça presença dos servidores públicos, com faixas e panfletos contrários ao PLP, conforme também registrado por esta seção.

Caso o governo aprove um requerimento de urgência para o Projeto, ele já será encaminhado diretamente para a votação no Plenário da Câmara, e se aprovado sem alterações, já irá diretamente à sanção de Dilma Rousseff.

Importante relembrar que antes mesmo da aprovação do PLP, o governo já o implementa de fato, prevendo um gasto com pessoal em 2011 equivalente à inflação de 2010 mais 2,5%, o que impede reajuste geral para os servidores. Ao mesmo tempo, os gastos com a dívida pública não possuem limite algum.

O Jornal Correio Braziliense mostra que setores de inteligência do governo já estão elaborando previsões de greves no setor público devido a esta ausência de reajuste em 2011.

Os jornais de hoje também mostram as medidas cambiais tomadas pelo Banco Central, na intenção de corrigir um problema denunciado diversas vezes pela Auditoria Cidadã da Dívida desde 2009: as operações especulativas feitas por bancos para forçar a queda do dólar. Nestas operações, denominadas de "venda futura de dólar", e descritas detalhadamente na edição de 24/09/2009 desta seção, os bancos provocam a queda do dólar – prejudicando a indústria nacional - ganhando rios de dinheiro às custas do prejuízo do Banco Central, que é coberto pelo Tesouro (ou seja, o povo), com mais dívida pública.
Os bancos tomam empréstimos no exterior a juros baixos e os aplicam em títulos da dívida interna brasileira, ganhando os juros mais altos do mundo às custas do povo, nas chamadas “operações de carry trade”. E ainda têm um ganho adicional, pois com a queda no dólar, posteriormente precisam de menos reais para pagar seus empréstimos externos.

Provando que este problema é verdadeiramente relevante, hoje o Banco Central exigiu que os bancos depositem no Banco Central – sem receber rendimento algum – um valor equivalente a 60% do volume de tais operações especulativas. Porém, os bancos que fizerem operações de até R$ 3 bilhões não serão afetados pela medida. Além do mais, o Banco Central deu 90 dias de prazo para os bancos se adequarem, ou seja, se desfazerem das atuais operações.

Portanto, tais medidas não impedem as “operações de carry trade”, mas apenas aumentam o custo de um tipo específico desta operação, se realizada acima de R$ 3 bilhões em cada banco.

O Portal G1 traz ainda a denúncia dos próprios operadores do mercado financeiro de que as compras de dólares feitas pelo Banco Central – feitas sob a justificativa de segurar o valor da moeda americana – na realidade contribuem para mais desvalorização do dólar, pois estimulam os bancos a executarem tais operações especulativas. Esta denúncia também foi feita à CPI da Dívida na Câmara dos Deputados pelo Presidente do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro, Paulo Passarinho.

Portanto, há grave indício de ilegitimidade da dívida interna de centenas de bilhões de reais feita para financiar a compra de reservas em dólares pelo BC. 

Outras notícias de hoje mostram que o governo pode lançar mão de políticas de controles de capitais estrangeiros no país, tais como a quarentena (prazo mínimo de permanência) e um aumento adicional no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre os investimentos estrangeiros em títulos da dívida “interna” brasileira. Atualmente, o IOF está em 6%, cobrado apenas uma vez, o que não impede os altos ganhos dos estrangeiros, que tomam empréstimos a juros quase zero nos países do Norte e ganham no Brasil taxas de juros de até 13% ao ano na dívida “interna”, e ainda com isenção de Imposto de Renda.