Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A dívida de Minas Gerais com a União

Segunda, 31 de outubro de 2011
Da "Auditoria Cidadã da Dívida"
O Jornal Estado de Minas de hoje dedica página inteira à questão da dívida do Estado de MG com a União, destacando a atuação do Núcleo Mineiro da Auditoria Cidadã da Dívida. A reportagem entrevistou a coordenadora do Núcleo, a economista Eulália Alvarenga:

Na avaliação da economista, o comprometimento da receita do estado com a quitação dessa dívida é um dos principais responsáveis pela falta de recursos para pagamento de salários e aposentadorias dignos, investimento em transporte público e malha viária”.

Também foi entrevistado o integrante do núcleo gaúcho da Auditoria Cidadã da Dívida, João Pedro Casarotto, membro da FEBRAFITE (Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais):  “No caso de Minas Gerais, segundo ele, o contrato é corrigido pelo IGP-DI mais 7,5% de juros. Nos últimos 12 anos, de acordo com ele, isso representou um acréscimo de 567% dos valores da dívida, contra uma inflação nesse período de 119%”, pelo IPCA. Destes 567%, 201% se referem ao IGP-DI e 366% se referem aos juros.

Conforme mostra a reportagem, o deputado estadual Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente da Frente Parlamentar pela Renegociação da Dívida de MG, declarou que o governo não pode ter uma “relação de agiotagem com os entes da federação”. “A lógica adotada nesses contratos é a do mercado financeiro e não de uma federação”.

A notícia também traz a fala da coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli: “Queremos fazer o que é correto e justo e jogar luz sobre esse processo para descobrir de fato de onde nasceu essa dívida, como ela foi crescendo e se ela é legal ou não”.

A reportagem ainda divulga a recente experiência de auditoria da dívida do Equador, que resultou em grande redução na dívida daquele país com os bancos privados internacionais.

O pagamento de juros e amortizações dos estados para a União é apenas uma das fontes de recursos desta última para o pagamento da dívida pública federal, porém, todo este esforço não é capaz de cobrir sequer os juros. Conforme divulgaram os jornais de hoje, nem mesmo um “superávit primário” (ou seja, a reserva de recursos para o pagamento da dívida) de R$ 8 bilhões em setembro, feito pela União, Estados e Municípios, foi capaz de cobrir os juros destas 3 esferas, que chegaram a R$ 17 bilhões no período. Cabe comentarmos ainda que esta metodologia de cálculo de juros (feita pelo Banco Central) subestima as despesas com a dívida, pois considera o endividamento líquido, e não o bruto.

Por fim, o Jornal Valor Econômico mostra que “a presidente Dilma Rousseff determinou às lideranças do governo no Congresso Nacional total prioridade à aprovação, até o fim do ano, do Projeto de Lei 1.992/07”, que privatiza a Previdência dos Servidores Públicos, por meio da instituição de Fundos de Pensão. O argumento de sempre é que o governo federal estaria gastando demais com os servidores públicos, porém, conforme mostra a proposta de orçamento para 2012, encaminhada ao Congresso pelo próprio Poder Executivo, este gasto está em queda livre, caindo de 4,89% do PIB em 2009 para 4,15% do PIB em 2012, mesmo considerando os servidores inativos e pensionistas.