Sexta, 28 de outubro de 2011
Da Agência Brasil
Débora Zampier - Repórter
Débora Zampier - Repórter
O publicitário Marcos Valério Fernandes, apontado pelo
Ministério Público como o principal operador do mensalão do PT, foi alvo
de outra denúncia. O Ministério Público Federal em Minas Gerais
(MPF/MG) acusou o publicitário de lavagem de dinheiro. De acordo com o
MPF, ele e a mulher, Renilda Fernandes de Souza, que também foi
denunciada, usaram contas bancárias de uma empresa para ocultar a origem
ilícita do dinheiro movimentado no esquema do mensalão.
O MPF informa que começou as investigações a partir de informações do
Conselho Administrativo de Atividades Financeiras (Coaf) sobre
movimentações financeiras atípicas envolvendo a empresa 2S Participações
Ltda, que tem Renilda e Marcos Valério como sócios, entre setembro e
novembro de 2005, ano em que as acusações sobre o suposto esquema de
pagamento de propina para compra de apoio parlamentar veio à tona.
Segundo a denúncia, o Coaf detectou transferências milionárias entre
contas da mulher de Marcos Valério e da 2S Participações em diferentes
instituições financeiras. Depois de a Justiça autorizar a quebra de
sigilo bancário, a perícia técnica descobriu que uma parcela dos
recursos movimentados nas contas dos denunciados teve origem em contas
que operaram o mensalão.
Para o MPF, as movimentações entre as contas tinham o objetivo de
ocultar e dissimular a origem e a movimentação de recursos obtidos com
os crimes apontados na Ação Penal 470, que está no Supremo Tribunal
Federal e se refere às denúncias do mensalão.
O Ministério Público informa, ainda, que Marcos Valério responde a mais
dez ações penais relativas a crimes financeiros apenas em Minas Gerais.
Em uma delas, ele foi condenado a mais de seis anos de prisão por ter
fornecido informações falsas ao Banco Central. A decisão, que saiu em
setembro, é de primeira instância e admite recurso.
O advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, disse que não pode se
posicionar sobre o teor da denúncia porque ainda não teve acesso ao
processo, mas adiantou que o publicitário está sendo vítima de
perseguição. “O MPF em Minas Gerais propõe diversas ações sobre fatos
conexos e que, se procedentes, deveriam originar uma única ação
envolvendo todas as circunstâncias. A distribuição de ações a
conta-gotas é uma ação de perseguição destinada a dificultar, inclusive,
o trabalho de defesa”.
Ele considerou “abuso de poder” o fato de a denúncia atingir a mulher
de Marcos Valério que é, para ele, "apenas" uma dona de casa. “Há casos
de procuradores da República que pediram absolvição dela em outros
processos por terem constatado que ela nunca gerenciou empresas”,
assinalou o advogado.