Segunda, 24 de outubro de 2011
Da Agência Brasil
 Flávia Villela e Thais Leitão 
Rio de Janeiro – Os movimentos sociais e indígenas contrários à 
construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, 
lançaram hoje (24) uma declaração de repúdio à decisão do governo de não
 comparecer à audiência convocada pela Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), 
sobre o não-cumprimento de medidas cautelares de proteção das populações
 indígenas do Xingu, na região de Altamira, onde está sendo construída a
 hidrelétrica.
A audiência está marcada para a próxima quarta-feira (26) em Washington
 e, segundo os movimentos sociais que organizaram o protesto, não terá a
 participação do governo brasileiro.
A diretora da Organização Não-Governamental Justiça Global, Andressa 
Caldas, disse que o governo desrespeita e deslegitima o sistema 
interamericano de Direitos Humanos, depois de a CIDH determinar em abril
 que o Estado brasileiro suspendesse as obras de Belo Monte.
“O Brasil assumiu, a partir deste ano, uma mudança radical na sua 
postura histórica de respeito aos tratados internacionais de Direitos 
Humanos. É uma postura que se assemelha às dos governos antidemocráticos
 de Trinidad e Tobago (1998) e de Fugimori, (1999), no Peru, que 
ameaçaram sair do sistema interamericano quando viram seus interesses 
prejudicados. Fugir do diálogo é lastimável e preocupante para toda a 
democracia brasileira”, declarou a ativista.
Segundo Andressa, o governo está acuado, porque tem perdido apoio da 
população da região de Altamira e por ter sofrido um revés na semana 
passada com o voto favorável de uma das ações públicas contra o projeto 
Belo Monte.
No dia 17 de outubro, uma das 12 ações públicas impetradas pelo 
Ministério Público Federal teve voto favorável da desembargadora Selene 
de Almeida, do Tribunal Regional da 1ª Região. A ação pede a anulação do
 decreto que permite a construção de Belo Monte e determina a realização
 de uma consulta prévia no Congresso Nacional para ouvir as comunidades 
indígenas afetadas pelo empreendimento, como determina o artigo 231 da 
Constituição Brasileira. O requerimento foi objeto de pedido de vista 
pelo desembargador Fagundes de Deus.
No município de Altamira, a prefeitura, com o apoio de comerciantes e 
políticos, escreveu uma carta aberta, na semana passada, para a 
presidenta Dilma, pedindo a suspensão das obras de Belo Monte.
De acordo com a representante do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, 
Antônia Melo, que mora em Altamira, os efeitos do empreendimento já são 
sentidos pela população. Segundo ela, o aumento do fluxo migratório tem 
causado mais violência, elevação do custo de vida, entre outros 
problemas.
 
