Domingo, 30 de outubro de 2011
"Se alguém bate uma carteira na rua e rouba cem reais do bolso do
outro para o seu, isso é chamado de roubo. Se alguém pega R$ 100 milhões
simplesmente manejando contas do setor público para o setor privado,
isso não é roubo, é corrupção. Essa idéia de corrupção degrada a força
do conceito de roubo."
Da Agência Senado
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) criticou nesta quinta-feira (27)
o que chamou de "coalizão de ferro", em que os partidos não se importam
com causas ou com a decisão que vão seguir em relação às propostas.
Como exemplo, citou o voto simbólico, feito por acordo dos líderes dos
partidos. Para ele, essa forma de votação faz parte da degradação da
política brasileira.
- Há uma quantidade de assuntos importantes em que não posso dizer
como votei historicamente. Posso dizer aqui, mas ficar registrado em ata
não pode porque os líderes se reuniram e disseram que estava de acordo
e, em geral, sem consultar a gente.
Na votação simbólica, permitida pelo Regimento Interno do Senado em
certos tipos de matéria, os senadores se manifestam pela aprovação
permanecendo sentados, enquanto os que se levantam votam pela rejeição.
Os votos de cada senador não ficam registrados, o que aconteceria com a
votação nominal.
Para o senador, mesmo quando há acordo de líderes, é necessário que
haja a votação nominal. Assim, a população pode saber como votou cada
senador e os parlamentares que discordarem dos líderes terão, quando
consultados por eles antes da votação, a oportunidade de expor seus
argumentos.
Corrupção
Cristovam Buarque afirmou que o cinismo toma conta da classe política
brasileira e que a justificativa de alguns políticos de que a corrupção
é cometida por todos e de que não dá para fazer política sem
irregularidades é ainda mais grave que os desvios de dinheiro público.
Para o senador, o cinismo tomou conta até mesmo do nome que se dá a
esses desvios, que deveriam ser chamados de "ladroagem", não de
corrupção.
- Se alguém bate uma carteira na rua e rouba cem reais do bolso do
outro para o seu, isso é chamado de roubo. Se alguém pega R$ 100 milhões
simplesmente manejando contas do setor público para o setor privado,
isso não é roubo, é corrupção. Essa idéia de corrupção degrada a força
do conceito de roubo.
Superficialidade
Cristovam Buarque disse considerar que os jornalistas brasileiros não
são capazes de analisar corretamente o que ocorre na política no país.
Como exceção, citou o jornalista Rudolfo Lago, do site Congresso
em Foco, pelo texto "Brasil: uma democracia de baixa qualidade". No
texto, o jornalista afirma que o chamado presidencialismo de coalizão
está por trás de fatos como a queda do ministro do Esporte, Orlando
Silva, suspeito de irregularidades na condução da pasta.
- Nós não estamos fazendo uma espécie de sociologia da política atual.
Nós estamos apenas descrevendo o superficial - criticou o senador.