Sábado, 14 de abril de 2012
Da revista Época - 13/04/212
Suspeita de usar documento fraudado para vencer licitação em Brasília, a empreiteira Delta contou com o lobby da turma de Carlinhos Cachoeira
A Delta Construções é uma das maiores empreiteiras do Brasil. Num
ranking elaborado pelo setor em 2010, ela ocupava o sexto lugar, com um
faturamento anual de R$ 3 bilhões. A Delta foi fundada em 1961, no
Recife, em Pernambuco, pelo empresário Inaldo Soares, e sua ascensão é
recente. Começou em 1996, quando o filho de Soares, o engenheiro
Fernando Cavendish, que abandonara o ramo de confecções, assumiu os
negócios. Cavendish revelou-se um especialista em vencer licitações em
órgãos públicos. No governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a Delta
transformou-se na empreiteira com mais negócios no Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC). Há três anos, é a empresa que mais
recebe dinheiro do governo federal (leia o quadro abaixo). A
empreiteira é agora investigada pela Polícia Federal (PF), por suspeita
de envolvimento com o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o
Carlinhos Cachoeira.
Documentos e escutas obtidos com exclusividade por ÉPOCA dão uma ideia
da proximidade entre a Delta e Cachoeira. De acordo com as investigações
da Polícia Federal nas últimas semanas, já se sabia que Cachoeira
trabalhara para indicar para o governo de Brasília nomes de pessoas
favoráveis à Delta. Os novos documentos mostram que ele foi mais longe
em sua defesa dos interesses da empresa. Outra linha de investigação
tenta decifrar o acesso que Cachoeira tinha aos escalões superiores da
Delta. Ao longo do processo, a Delta vem alegando que Cachoeira tinha
contato apenas com um dos funcionários da empresa, o diretor Cláudio
Abreu. Segundo a Polícia Federal, as novas investigações trazem vários
indícios de que o principal executivo da empresa, Carlos Pacheco, esteve
próximo de Cachoeira por intermédio de Abreu. Independentemente do
interlocutor, a PF já sabe que cerca de R$ 39 milhões saíram dos cofres
da Delta para empresas fantasmas controladas por Cachoeira. Leia a íntegra da revista Época