Quarta, 18 de julho de 2012
Da Agência Brasil
Servidores federais em greve fizeram hoje (18) manifestação
na Esplanada dos Ministérios. Eles saíram em passeata, que foi
intitulada de "Chega de enrolação! Negocia, Dilma!" e organizada pelo
Fórum Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais, composta
por 33 associações sindicais. Segundo a Polícia Militar, mais de 10 mil
pessoas integraram a marcha.
Entoando gritos de guerra, carregando faixas e bandeiras e vestindo
camisetas com mensagens de protesto, os manifestantes partiram da
catedral e marcharam para a Praça dos Três Poderes, seguindo depois, em
passeata, até o Ministério do Planejamento. O trânsito nas seis faixas
da Esplanada dos Ministérios, dos dois lados, foi fechado e teve que ser
desviado para vias alternativas.
O movimento contou com a participação de servidores da educação, saúde,
agências reguladoras e outras instituições. Entre as principais
reivindicações, estão o reajuste salarial e melhores condições de
trabalho. “Essa manifestação é uma luta para a valorização dos
servidores. Nos mobilizamos devido à intransigência do governo, que dá
prioridade a outros gastos e não se importa com o serviço público. Até
agora, só foi oferecida uma proposta à Associação Nacional dos Docentes
do Ensino Superior [Andes]. As outras categorias ainda aguardam
propostas. Vamos manter a paralisação até que haja uma negociação que
satisfaça às nossas reivindicações", disse o dirigente nacional da
Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas), José Maria de
Almeida.
O servidor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq),
Arthur Yamamoto, acredita que o governo esteja usando o discurso de
crise econômica e impacto orçamentário para não ceder nas negociações,
deixando o funcionalismo público de lado. "Os servidores das agências
reguladoras não recebem aumento salarial desde 2008. O Sinagências e o
Mpog [Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão] fazem reuniões
desde dezembro do ano passado e nada foi decidido. Por isso entramos em
greve. Reivindicamos a recomposição salarial, equiparação com cargos de
carreira típica de Estado e a remuneração por subsídio. Muitos desses
itens não têm um impacto orçamentário", pontuou Yamamoto.
“A luta do servidor é para a sociedade como um todo. Lutamos por
melhorias na estrutura e pelo não sucateamento dos órgãos públicos. As
conquistas que obtivermos vão refletir em melhorias no atendimento à
população", disse a servidora da Funasa, Carla Berberick.
Estudantes de várias instituições também participaram da manifestação.
“Nós aguardamos por uma resposta do governo sobre este protesto.
Apoiamos a greve não só pelos professores, mas para que tenhamos melhor
estrutura nas instituições de ensino e maior qualidade na educação”,
disse Leonidas Canuto, de 17 anos.
“Viemos chamar a atenção da [presidenta] Dilma para que as
reivindicações dos servidores e dos estudantes sejam atendidas. Queremos
uma educação de qualidade”, ressaltou Ítalo Cardoso, de 17 anos. Ambos
são estudantes do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), que está há um
mês sem aula por causa da greve.
"Mais de mil estudantes estão aqui. Mais uma vez exigimos a negociação
das pautas. A educação precisa melhorar", criticou Luiza Carreiro,
estudante de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), sem aulas desde o dia 17 de maio, quando foi iniciada a
paralisação dos docentes dos institutos federais. Luiza Carreiro
queixa-se ainda da falta de estrutura do campus e alega que há poucos professores para muitos alunos.
Segundo o professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Mauro de
Carvalho, a proposta oferecida pelo Ministério do Planejamento à Andes
não atende às reivindicações pautadas pela categoria. “Viemos forçar o
governo a fazer a negociação com os sindicatos, o que ele está se
negando. A proposta oferecida pelo Planejamento para a Andes é baseada
em aumento salarial. Já a pauta apresentada pelo sindicato é baseada na
reestruturação da carreira dos docentes e em melhores condições de
trabalho. Além disso, lutamos contra a expansão do ensino sem as
condições adequadas", disse.
Mauro de Carvalho conta ainda que os professores não têm reestruturação
da carreira desde 1982. “Este ano, a greve dos servidores federais é o
acontecimento mais importante no país. Afinal, só na educação, 57 das 59
universidades federais estão em greve; além de 95% dos institutos
federais e os Cefets [Centros Federais de Educação Tecnológica]", conta.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Servidores Federais
(Sindsep-DF), Oton Pereira, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço
Público Federal (Condsef) tem uma reunião agendada no Ministério do
Planejamento, hoje, às 19h. “Na reunião de hoje, o governo vai ter outra
oportunidade de acabar com a greve dos órgãos do Poder Executivo
federal”, avaliou. Segundo o secretário, cerca de 350 mil servidores
estão em greve em todo o país.