Terça,
22 de janeiro de 2013
Por
Ivan de Carvalho
Vice-presidente de Pessoa Jurídica
da Caixa Econômica Federal, o ex-deputado e ex-ministro Geddel Vieira Lima, que
é a principal liderança estadual do PMDB e em 2010 foi um dos três principais
candidatos a governador da Bahia – admitiu, em entrevista, ontem, à Rádio
Metrópole – que pode voltar a disputar as eleições para governador em 2014. Mas
fez um balizamento importante.
Para começar, certificou que não há
um acordo com o prefeito democrata de Salvador, ACM Neto, para que seu nome,
representando o PMDB, ocupe a posição de candidato a governador numa chapa de
oposição. “Não há esse tipo de compromisso”, disse.
Na realidade, é até mesmo intuitivo
que tal compromisso não existe. Poderia talvez existir algum acerto a respeito,
sujeito a exame posterior à luz da conjuntura e das circunstâncias do momento
eleitoral de 2014, mas somente se outras houvessem sido as circunstâncias das
eleições para a prefeitura de Salvador em outubro do ano passado.
Digamos que ACM Neto fosse, já para
o primeiro turno, apoiado por uma coligação que incluísse, além dos partidos
que o apoiaram na primeira fase do pleito, o PMDB. Isto criaria condições para
conversas sérias sobre as eleições majoritárias estaduais de 2014,
principalmente entre o Democratas, o PMDB e o PSDB. E alguma espécie de
pré-comprometimento com uma candidatura de Geddel ao governo.
Mas as coisas não aconteceram assim.
No primeiro turno, o PMDB apresentou candidato próprio, o radialista e
ex-prefeito Mário Kertész. No segundo turno, Kertész deu seu apoio individual
ao candidato do PT, deputado Nelson Pelegrino, que não teve êxito, e o PMDB –
sob o comando de Geddel Vieira e seu irmão e presidente estadual, deputado
Lúcio Vieira Lima – apoiou Neto.
O PMDB ajudou
quanto pode no segundo turno, e foi importante para a vitória de Neto – seja
pelo impacto psicológico do apoio, seja pela ação mesma da legenda e seus
líderes – mas isso é diferente do que seria uma coligação no primeiro turno, quando
o PMDB, além das achegas citadas, acrescentaria à coligação de Neto uns
importantes minutos na propaganda eleitoral no rádio e televisão, coisa que na
campanha para o primeiro turno faltava a Neto e sobrava a seu principal
concorrente, o petista Pelegrino.
Assim, “não há
esse tipo de compromisso”, como disse Geddel, que acrescentou em seu
balizamento: “Eu desejo ser candidato, mas não há ideia fixa para isso. Posso
ser e posso não ser. Se formos capazes de liderar esse processo é claro que
serei candidato. Senão, não serei empecilho em torno (para uma aliança) em
torno de alguém que possa fazer a Bahia avançar”.
Na verdade, o
fato é que, de ambos os lados do espectro político, talvez não se possa falar
em alguém como um ‘candidato natural’ a governador. Já escrevi um pouco sobre
isso em ocasião recente.
No lado
governista, quem mais se aproxima, no momento, dessa condição é o
vice-governador, secretário estadual de Infraestrutura, presidente estadual do
PSD (segundo maior partido na Bahia) e ex-governador Otto Alencar. A única
dificuldade – e é grande – para que ele seja considerado “candidato natural” é
a profunda indisposição do PT, que atualmente detém o cargo de governador por
intermédio de Jaques Wagner, de aceitar que um político de outro partido, seja
ele qual for, seja o candidato governista à sucessão de Wagner.
No lado da
oposição, ACM Neto seria o “candidato natural” – se fosse candidato. Mas isto o
obrigaria a renunciar ao cargo de prefeito apenas um ano e três meses depois de
assumi-lo. Muito improvável que se disponha, mas, se o fizer (o que só não
seria impossível se houvessem condições políticas e populares ótimas) precisará
convencer a sociedade de que deixa a capital em mãos competentes.
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Este
artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan
de Carvalho é jornalista baiano.