Sábado, 12 de janeiro de 2013
Por Ivan de Carvalho

Moema Gramacho foi automaticamente
riscada do mapa quando perdeu, junto com seu partido, a prefeitura de Lauro de
Freitas para o PP, o adversário tradicional do PT nesse município. Luiz
Caetano, admita ele ou não, saiu do mapa sucessório à francesa, sem que
houvesse ocorrido um fato notoriamente determinante. Até conseguiu, a duras
penas, eleger o sucessor para a prefeitura de Camaçari. Talvez o fato principal
que explica a saída seja o de que não devia ele ter entrado. Continua sendo um
político importante no PT da Bahia, mas não uma hipótese de candidatura ao
governo.
Até alguns dias atrás, restavam três
nomes no rol de candidatos a governador filiados ao PT. Começa-se agora a
especular que o secretário do Planejamento, José Sérgio Gabrielli, estaria
saindo suavemente da lista, apesar da forte simpatia, apoio mesmo, do
ex-presidente Lula pela candidatura dele. Gabrielli já fora considerado, nas
análises políticas, como a alternativa petista mais provável para concorrer à
sucessão de Jaques Wagner. Mas após sua saída da Petrobrás – cargo que ocupou
no governo Lula e, graças ao ex-presidente, durante algum tempo no governo
Dilma Rousseff – a cotação de uma eventual candidatura sua foi declinando.
Coincidentemente, as especulações
(ainda a conferir) de que Gabrielli já estaria fora do jogo ou, pelo menos, dos
cálculos aparentemente multifacetados do governador Wagner, surgiram logo
depois de dois fatos de certa relevância no precoce processo sucessório baiano.
Um deles, a
manifestação da presidente estadual do PSB, senadora Lídice da Mata, no sentido
de que seu partido deseja ter candidato a governador em 2014.
O outro, o
caráter mais encorpado assumido pela já anteriormente lançada candidatura ao
governo do presidente da Assembléia Legislativa, deputado Marcelo Nilo, do PDT.
A pretensão e atividade de Nilo nesse sentido não é novidade. O reforço, que dá
mais consistência à pretensão, foi o apoio público que recebeu, esta semana, na
Bahia, para sua pretensão, do presidente nacional do partido, Carlos Lupi. É
certo que Marcelo Nilo proclama com insistência que só será candidato ao
governo se tiver o apoio do governador Wagner e, realmente, de outra forma não
seria. Mas é um dado relevante para ser incluído nos cálculos.
Além disso, sem
que neste aspecto haja fato novo, todo o meio político inclui nesses cálculos
uma eventual candidatura do vice-governador Otto Alencar. Ele é do PSD, o
segundo maior partido na Bahia, é secretário de Infraestrutura do governo
Wagner e tem mantido uma ligação política extremamente próxima com o
governador. Não admite sua candidatura a governador, sugere que pensa no
Senado, mas ninguém o exclui da lista de possíveis aspirantes ao governo. E de
uma coisa os políticos não têm dúvida: é o nome eleitoralmente mais fácil de
trabalhar e com ampla capacidade de articulação política nas cúpulas e na base.
Bem, diante desse quadro na coalizão
governista, mas externo ao PT (PSB, PDT, PSD), não surpreende se o governador,
um petista, estiver cuidando de reduzir a fragmentação em seu partido e
afunilando a lista de nomes petistas (a Bíblia avisa que casa dividida é casa
arruinada). Rui Costa, para o caso de o governo se considerar política e
eleitoralmente forte no ano que vem e Walter Pinheiro, na reserva, para uma
emergência – governo em dificuldade e um candidato com densidade na oposição
(isto, a coisa mais difícil de acontecer).
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Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.