Sábado, 12 de janeiro de 2013
Indicado pelo PT, o diretor do novo fundo de
pensão do governo é acusado pelo Banco Central de embolsar dinheiro
desviado do banco que está sob intervenção
Em setembro do ano passado, o governo Dilma, atendendo a uma antiga
reivindicação de uma ala do PT, criou um fundo de pensão para os
servidores públicos federais. O fundo, batizado de Funpresp
(Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal),
cuidará da aposentadoria dos concursados que começam a trabalhar em
2013. Os atuais servidores também podem aderir: são ao menos 490 mil
potenciais clientes, distribuídos entre funcionários do governo federal,
do Congresso, do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União.
Numa tentativa do governo de diminuir a hemorragia financeira da
Previdência pública, cuja conta não fecha faz tempo e só piora com os
anos, esses novos servidores, se quiserem uma aposentadoria à altura dos
excelentes salários que recebem, deverão contribuir para o Funpresp,
como acontece com os trabalhadores de empresas privadas. Espera-se que a
adesão seja rápida e significativa, a tal ponto que, em 20 anos, o
patrimônio do Funpresp alcance R$ 160 bilhões, tornando-o um dos mais
ricos fundos de pensão do país – e, desde já, um dos mais cobiçados
tesouros da República.
O governo Dilma parece ciente do rigor necessário ao nomear os
dirigentes que decidirão como investir (tanto) dinheiro dos servidores
públicos. Disse a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, em outubro:
“Para nós, o Funpresp é uma questão muito séria. As pessoas estão sendo
escolhidas a dedo”. Em 17 de dezembro, saíram no Diário Oficial
as nomeações dos diretores do Funpresp, e os critérios do dedo do
governo ficaram claros. Para a diretoria de investimentos, a mais
estratégica, na qual se definirá como aplicar o dinheiro dos servidores,
escolheu-se o economista Humberto Pires Grault Vianna de Lima, ligado
ao PT. Pires é gerente de participações da Funcef, o fundo de pensão dos
funcionários da Caixa Econômica Federal. Fez uma rica carreira nos
fundos de pensão das estatais, sempre indicado por próceres do PT – como
os sindicalistas Wagner Pinheiro, presidente dos Correios e
ex-presidente da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, e
João Vaccari Neto, tesoureiro nacional do partido e histórico
arrecadador de dinheiro para candidatos petistas.