Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O Roberto Marinho da Venezuela

Sexta, 18 de janeiro de 2013
Do Diário do Centro do Mundo
Por Richard Gott 
Gustavo Cisneros, bilionário venezuelano, ocupa uma posição semelhante à de Roberto Marinho e de Murdoch
"Cisneros sempre considerou o seu próprio país demasiado pequeno para os seus talentos e demasiado inseguro para a sua fortuna."
“Cisneros sempre considerou o seu próprio país demasiado pequeno para os seus talentos e demasiado inseguro para a sua fortuna.”

O texto abaixo, reproduzido a pedido, é de autoria do jornalista e escritor inglês Robert Gutt, que foi correspondente em Caracas e hoje escreve artigos para jornais como Guardian e Independent.

Com uma fortuna de mais de 4 bilhões de dólares, Gustavo Cisneros gosta de promover-se como o homem mais rico da América Latina e o mais poderoso barão da mídia do continente, um equivalente latino a Murdoch ou a Berlusconi. Desde 1961 a Organización Cisneros possui a Venevisión, o principal canal comercial de TV da Venezuela — mais conhecida no estrangeiro pela sua raivosa oposição a Chávez durante o golpe de 2002 e pela denúncia incessante dos seus apoiadores como ‘arruaceiros’ e ‘macacos’.

A partir dos anos 80 ele estendeu seu império pela América Latina incluindo a Chilevisión do Chile e a TV Caracol da Colômbia, com uma grande participação na DirectTV latino-americana, cujo satélite emite uma programas de esportes, shows de jogos, telenovelas e notícias leves para 20 países latino-americanos. Ele também tem uma participação lucrativa na Univisión, o principal canal em língua castelhana dos Estados Unidos, e uma empresa conjunta latino-americana de conexão de internet com a AOL-TimeWarner.

Tal como muitos latino-americanos ricos, Cisneros é um camaleão no que se refere à nacionalidade. Nominalmente venezuelano — nasceu em Caracas em 1945, de um pai empresário cubano e de uma mãe venezuelana — foi educado e fez sua aprendizagem de mídia nos EUA. Mas também é cidadão da Espanha, a pedido pessoal do rei Juan Carlos, americano em Nova York, cubano em Miami e dominicano na República Dominicana, onde a sua principal base — a Casa Bonita, próxima à estância balneária de La Ramona — está no lugar dos refúgios de outros bilionários de origem cubana, enriquecidos com os lucros do açúcar, do rum e dos negócios imobiliários.