Sábado, 2 de março de 2013
Carlos Newton
Tribuna da Imprensa
Em matéria de desfaçatez, poucos se igualam ao presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL). Com a maior cara-de-pau, ele usou a
propaganda partidária do PMDB, veiculada anteontem no rádio e na TV,
para se projetar e elogiar a si próprio, dizendo que “nada é maior” do
que a vontade dele de acertar.
Como se sabe, o peemedebista tem um currículo marcado por denúncias
de irregularidades, que o levaram a deixar a presidência da Casa em
2007, para evitar ter o mandato cassado. Apesar disso, conseguiu o apoio
do PT e do governo para voltar a presidir o Senado.
Agora, a maior piada foi vê-lo defender a liberdade de expressão nas
redes sociais, porque desde que assumiu o cargo, uma campanha pede para
que ele renuncie. Uma petição na internet já reuniu mais de 1,6 milhão
de assinaturas com esse fim, mas ele finge que não se incomoda.
Além de Renan, outros 15 peemedebistas estrelaram os dez minutos de
propaganda. Houve pelo menos uma ausência importante: a do deputado
Gabriel Chalita, que, no ano passado, foi o candidato da sigla à
Prefeitura de São Paulo.
Nesta semana, Chalita foi acusado de receber propina quando era
secretário estadual da Educação. Por conta das denúncias, o deputado
teria sido descartado pelo Planalto de assumir uma pasta no governo
federal.
Traduzindo tudo isso: ao contrário de Renan, pelo menos Chalita mostra ter algum pudor.