Terça,
5 de março de 2013
Por
Ivan de Carvalho

Como se sabe, o candidato declarado por
si mesmo é o deputado Marcelo Nilo (PDT), no exercício do quarto mandato
consecutivo de presidente da Assembléia Legislativa.
Não fiz uma
pesquisa histórica, mas quase com certeza dá para afirmar que, nunca antes na
Bahia, alguém conseguiu a proeza de eleger-se quatro vezes seguidas para
presidir o Poder Legislativo, totalizando período de oito anos. Dependendo de
uma confirmação por pesquisa não muito trabalhosa, talvez um recorde histórico
haja sido alcançado.
Por isto,
quando Nilo insiste, contrariando o que parece ser a conjuntura política, que é
candidato à chefia do Executivo estadual e condiciona isto apenas ao apoio do
governador Jaques Wagner, não se deve excluir de plano a hipótese. Nilo está em
intensa atividade para viabilizar politicamente esse objetivo e busca, no
limite de suas possibilidades, tornar-se conhecido do eleitorado, pois sabe,
como já disse, que no momento certo precisará aparecer nas pesquisas eleitorais
com índices expressivos. Esta seria a base fundamental para colocar-se como
alternativa consistente para o governo.
Todo mundo sabe
que, já agora, o PSB não esconde a disposição de lançar candidato próprio
(melhor seria dizer, candidata própria) ao governo. A candidata seria a
senadora Lídice da Mata e ela já disse que o PSB, que preside na Bahia, pretende
apresentar candidatura ao governo, mesmo que seu desejo reservado fosse o de
integrar-se à aliança eleitoral governista.
É que o
presidente nacional do PSB, Eduardo Campos – seja candidato à sucessão de Dilma
Rousseff, quando precisaria de um palanque expressivo na Bahia para sua
campanha, seja candidato a presidente somente em 2018, o que tornaria
necessário plantar mais firmemente desde 2014 o PSB nos Estados – está pressionando
a senadora baiana para ser candidata. Não sei se o jogo é tão imperioso, mas há
quem diga que é “ou vai ou racha”.
Claro que na
área governista há, para o governo, outro nome que todo mundo vê, sobre quem
todo mundo fala e que as pesquisas insistem em colocar sempre em primeiro lugar
na área governista (porque no conjunto, após eleito prefeito, o democrata ACM
Neto aparece em primeiro) – o do
vice-governador e presidente estadual do PSD, Otto Alencar, que se declara
pretendente a uma candidatura de senador.
Até aí já deu
para ver que a maratona está animada e ainda faltam – no núcleo da área
governista, o PT – quatro aspirantes. Rui Costa, deputado, chefe da Casa Civil
e nome da preferência pessoal do governador Wagner; José Sérgio Gabrielli,
secretário do Planejamento, muito amigo de Lula e nome da preferência do
comando nacional do PT, mas não se dirá o mesmo da presidente Dilma Rousseff;
Walter Pinheiro, líder do PT no Senado e que, tendo concorrido a prefeito de
Salvador em 2008 e a senador em 2010, tornou-se conhecido o suficiente para
figurar em terceiro lugar nas pesquisas (segundo na área governista).
Neste ponto é
que o petista Luiz Caetano, ex-prefeito de Camaçari que elegeu o sucessor na
prefeitura e foi apoio decisivo da eleição de sua sucessora na presidência da
União dos Municípios da Bahia (UPB) saiu em campo como um cavaleiro do
Apocalipse. Sábado fez reunião plenária do PT de Camaçari com o mesmo objetivo
óbvio que, no dia seguinte, reuniu-se com petistas que presidem as Câmaras
Municipais de cinco municípios da Região Metropolitana de Salvador. Ia
reunir-se ontem à noite em um restaurante da orla com os presidentes de seis
micropartidos (PT do B, PSDC, PEN, PSL, PRP e PSL). Um pedido do governador
conseguiu suspender a reunião e está prevista uma conversa, talvez difícil,
entre ele e Caetano.
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Este
artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan
de Carvalho é jornalista baiano.