Segunda, 4 de março de 2013
Recursos
do GDF, além de peças e equipamentos da TCB estão sendo remanejados
para as empresas do Grupo Amaral. Foto de Jaime Batista da Silva/EBC
Tratar-se-ia, pois, de uma arquitetura financeira muito bem elaborada
para colocar em campo uma operação de socorro financeiro,
se valendo da viúva como fiadora.
para colocar em campo uma operação de socorro financeiro,
se valendo da viúva como fiadora.
Por Chico Sant’Anna
A repentina decisão do Governo do Distrito Federal em intervir nas
empresas de transporte coletivo do Grupo Amaral – Rápido Veneza, Viva
Brasília e Rápido Brasília -, foi recebida com êxtase por parte de
diversos setores da sociedade e, principalmente, pelos militantes
petistas, que passaram a acreditar que agora o governo de
Agnelo/Filippelli estaria trazendo a tona o pedigree revolucionário.
Passados alguns dias e diante de uma frota totalmente sucateada que
obriga o interventor tirar recursos próprios – porém públicos – para
manter rodando a empresa, a pergunta que se faz é: estão intervindo ou
recuperando economicamente uma empresa falida? Uma empresa de um
ex-senador que nunca este muito distante de setores poderosos do Palácio
do Buriti. Um empresário-político que consegue manter irregularmente
ocupada uma vasta área verde às margens do Lago Paranoá, mesmo com a
decisão judicial que obriga o GDF a recuperar a área para o patrimônio
público e a população de Brasília.
Nas primeiras semanas de “intervenção”, o GDF já foi obrigado a
repassar 15 milhões de reais para as despesas mais comezinhas: desde
comprar pneus, combustível, lubrificantes, peças e produtos necessários à
manutenção dos veículos, até gastos mais expressivos para ressuscitar
uma frota de 180 veículos. Não há nenhum levantamento prévio que garanta
que o governo do Distrito Federal não terá que repassar outros
montantes de verbas oriundas dos cofres públicos.
Para os mais jovens ou aos mais recentes moradores de Brasília, é
preciso lembrar que as empresas do Grupo Amaral passaram a rodarem
Brasília, principalmente no Plano Piloto, a partir do canibalismo da
empresa estatal Transporte Coletivo de Brasília – TCB, que tinha o seu
maior ganha-pão na linha Grande Circular. Uma rota curta, interligando
as Avenidas L.2, Sul e Norte, e W.3, Sul e Norte, em vias bem
pavimentadas e com um elevado índice de passageiro por quilômetro
rodado. Na base do discurso do Estado Mínimo, que reinou no Brasil entre
as décadas de 1980 e 1990, a TCB foi morrendo por inanição induzida
pelo próprio GDF, que priorizava o atendimento àqueles que sempre foram
amigos dos candidatos ao Buriti.