Segunda, 11 de março de 2013

A transformação
do PC do B “em partido da ordem foi uma traição de classe”, segundo o líder da
Une. Fonteles ressalta em sua carta, então, que: “não posso e não quero e não é
justo com meus princípios conviver”.
Leia a seguir a íntegra da carta.
Desfiliação do PCdoB
Um espectro ronda, o espectro do
comunismo – A celebre frase de Marx no manifesto do partido comunista é cada
dia mais atual está na ordem do dia e por isso mais perene.
Vivenciamos uma profunda crise politica
e ideológica do capitalismo, que nesses momentos atacam de maneira ainda mais
feroz os mais belos e generosos sonhos da classe trabalhadora e da juventude no
mundo inteiro. Guerras, ataques as liberdades democráticas, recessão dos
direitos conquistados, o rebaixamento das relações humanas, a profunda
depredação da natureza pelo homem – todas essas características fazem do
capitalismo um sistema ainda que poderoso, mas com uma necessidade
civilizacional de ser derrotado.
Todas essas contradições nos impõem uma
agenda de profundo acirramento da luta de classes no mundo – essa é a dinâmica
que se apresenta. E nos é cobrado uma resposta altiva, de reafirmação de
valores, dos princípios e de prática coerente. Nunca coube e agora mais do que
nunca, não cabe, a conciliação de classes, a humanização do capitalismo ou
mesmo a naturalização das relações puramente pragmáticas em referencia a um status quo que ainda está posto.
Acabo
saindo do PCdoB, porque o PCdoB já saiu de si mesmo. Não enxergo mais nas fileiras do
partido, a materialização da politica acertada, autônoma e de vanguarda da luta
politica que fez com que tantos companheiros entregassem suas vidas pela
redenção do povo Brasileiro e sobrevivessem, por exemplo, as noites mais
silenciosas e sombrias da mais feroz repressão politica que o Brasil já
conheceu. Penso que o partido não tem mais condições para dar a resposta da
organização de classes que os trabalhadores necessitam. Sua transformação em
partido da ordem foi uma
traição de classe que não posso e não quero e não é justo com meus
princípios conviver.
Mas a história não acaba, pelo
contrario – ela só esta começando - e novos caminhos se abrem aos que sonham e
lutam por um mundo justo e fraterno. Aqueles que são os companheiros de Che –
os que se indignam com qualquer injustiça no mundo – se levantam contra a
opressão e cada vez mais radicalizam no enfrentamento, seja no Chile, no Egito,
em Portugal, na Grécia ou mesmo no Brasil. São todos aqueles que não deixam a
história passar.
Por isso é com muita convicção e
clareza que também passo a ingressar nas fileiras do Partido Socialismo e
Liberdade – PSOL e da corrente Movimento Esquerda Socialista – MES, para me
somar aos que constroem uma alternativa da esquerda revolucionária de poder
politico aos trabalhadores, dialogando e enfrentando as contradições e as
peculiaridades da formação do povo brasileiro, mas, sem rebaixamento de
programa, moderação na intervenção ou concessões ao capital financeiro
internacional, que seja sempre internacionalista e atue em solidariedade a
todas as lutas dos povos e que incentive e contribua para o fortalecimento das
organizações de esquerda no mundo. Que faça da luta institucional e de seus
mandatos no parlamento porta vozes dos movimentos sociais, que sejam
ferramentas e instrumentos de aceleração das mobilizações e da transformação de
um novo Brasil.
Carrego em meu nome e em meu DNA uma
história enorme de busca incondicional da utopia. Continuarei a caminhar sempre
em busca dela...
Seguiremos assim, então, carregando por
aí a rosa vermelha da esperança.
Vamos Juntos!
“O
correr da vida embrulha tudo.
A
vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,
Sossega
e depois desinquieta.
O
que ela quer da gente é coragem”
Guimaraes
Rosa