Quinta, 9 de maio de 2013
Da Pública
Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
Pesquisas realizadas paralelamente em El Salvador e no Sri Lanka trazem resultados semelhantes em relação ao uso dos mesmos produtos
Uma doença renal misteriosa que atinge camponeses em El Salvador e
outros países da América Central mobiliza os ministérios de saúde da
região. No dia 27 de abril, foi assinada em El Salvador uma declaração
conjunta qualificando o combate da doença como de alta prioridade para a
saúde pública e definindo uma série de ações nesse sentido.
Nos últimos dois anos, o Center for Public Integrity tem denunciado um tipo raro de doença renal crônica (DRC) que está matando milhares de camponeses da
costa do Pacífico da América Central, do Sri Lanka e da Índia.
Cientistas ainda não desvenderam completamente a causa desse mal, ainda
que provas recentes apontem metais pesados tóxicos contidos em
pesticidas como potenciais culpados.
Depois de anos sem iniciativas oficiais dos Estados Unidos e de
outros lugares, a declaração feita em San Salvador reconheceu
formalmente – pela primeira vez – a existência da doença e os grupos
que afeta: “comunidades agrícolas socialmente vulneráveis ao longo da
costa do Pacífico na América Central”, assinala a declaração aprovada
pelo Conselho de Ministros da Saúde da América Central. E acrescenta: “É
predominante entre homens jovens e tem sido associada a ambientes
tóxicos e fatores ocupacionais de risco, desidratação e hábitos nocivos
para a saúde renal”.
Entre ações anunciadas estão a realização de estatísticas mais
detalhadas da DRC, o desenvolvimento de planos regionais e nacionais
para investigar e tratar a doença e a promoção de medidas regulatórias
mais fortes para o uso de agrotóxicos.
Um mal que afeta os pobres
A declaração representou uma grande vitória para El
Salvador e sua ministra da saúde, a Dra. Maria Isabel Rodriguez. Essa
senhora de noventa anos, um metro e meio de altura e os olhos cobertos
por enormes óculos, tem sido a força motriz que catapultou a doença da
obscuridade para um reconhecimento formal como principal ameaça à saúde
pública na região.