Quinta, 9 de maio de 2013
Imagem da internet
Se a troca de coices já é perigosa entre jegues,
imagine quando ocorre entre animais políticos. Que são os mais ferozes animais
da face da Terra.
O governador Agnelo Queiroz, governador do DF, há
alguns dias frente à visita de deputados da Comissão de Educação, Saúde e
Cultura da Câmara Legislativa do DF ao Hospital Regional de Ceilândia para
apurar a morte de oito bebês que teriam morrido por infecção por bactérias,
disparou um coice contra os distritais. Disse ele, irritado, que “Um deputado entende tanto de bactéria quanto um jegue entende de religião”.
Dizem que coice (como tiro) trocado não
dói, mas que dói, dói. Ah, como dói.
O Ministério Público do Distrito
Federal (MPDFT) encaminhou ao Ministério Público Federal a representação feita
pela deputada Liliane Roriz (PSD) contra o governador Agnelo e o secretário de
Saúde, Rafael Barbosa, onde pediu para serem apuradas eventuais
responsabilidades. Ontem foi a vez de um novo coice, agora não mais disparado
pelo governador, mas por seu secretário do Conselho de Governo do DF, o senhor
Roberto Wagner.
Wagner tentou reduzir a importância do
encaminhamento feito pelo MPDFT para o MP Federal.
Hoje o coice veio de um nível
hierárquico mais baixo, e não diretamente pela presidente da Comissão de Saúde
da CLDF, distrital Liliane Roriz. Foi Caio Barbieri, assessor de imprensa da
Comissão de Educação Saúde e Cultura da CLDF, o escalado para devolver o coice.
Quando uso a palavra coice, é bom esclarecer para
que não haja mal-entendidos, não significa que estou dizendo que os personagens
da história sejam jegues. Nem os que estão de um lado da cerca, nem do outro.
Mesmo que alguns personagens achem que os outros são burros como jegues, se é
que jegue é tão besta assim.
O mais recente coice, não significando que seja o
último desse rodeio, veio hoje em forma de “Nota à imprensa”. Veio do lado da
CLDF.
Veja a seguir o coice, ops! A Nota.
Sobre as recentes declarações do
secretário do Conselho de Governo do DF, Roberto Wagner, minimizando a recente
decisão do Ministério Público do DF de encaminhar à Procuradoria-Geral da
República (PGR) representação contra o governador Agnelo Queiroz (PT) por
suposta responsabilidade nos óbitos de nove bebês no Hospital Regional de
Ceilândia, cabe esclarecer:
1. Ao contrário
do que foi informado pelo excelentíssimo representante do GDF, o Ministério
Público do DF decidiu encaminhar toda a documentação ao procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, foro adequado, somente após verificar a gravidade da
denúncia, principalmente por esta ter o respaldo de depoimentos não apenas de
médicos, mas também de servidores da unidade onde ocorreram os óbitos
neonatais;
2. Tanto é
verídico o fato de que há elementos suficientes para uma possível investigação
que, no mesmo despacho, a vice-procuradora-geral de Justiça, Zenaide Souto,
determina o encaminhamento da representação também para a Promotoria de Justiça
de Defesa da Saúde (ProSus), órgão interno do MP exclusivo para investigar
desmandos da saúde no DF e que analisará também a possível
responsabilidade de outras autoridades do GDF que não possuem foro privilegiado
no STJ;
3. Vale ressaltar
que tanto é verdade a decisão do MPDFT que em nenhum momento representante do
órgão fiscalizador ocupou páginas dos jornais para tentar reparar as
informações prestadas pela presidente desta Comissão, missão esta delegada pelo
governo justamente a dois assessores do governador do DF;
4. É
lamentável que autoridades do GDF tentem minimizar tantas mortes ao acusar esta
Casa de Leis e esta Comissão de “criar factoides”, uma vez que a atuação
responsável dessas mesmas autoridades, cumprindo o seu papel, poderia ter
impedido ou pelo menos reduzido esses nove óbitos;
5. Cabe lembrar
ainda que além desta Comissão de Saúde da Câmara Legislativa, o Conselho
Regional de Medicina e a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Distrito
Federal atuaram também diuturnamente com o objetivo de investigar os reais
motivos da proliferação da bactéria Serratia no HRC e que em nenhuma avaliação
feita por esses órgãos houve similaridade com a versão dada pelo governo local
de que a contaminação teria sido por “falta de higiene” dos servidores da
unidade;
6. Assim como
criar leis, é papel da Câmara Legislativa fiscalizar qualquer tipo de ação ou
mesmo descaso do governo local quanto ao uso dos recursos financeiros
provenientes do bolso do contribuinte, estando, portanto, a presidência desta
Comissão completamente respaldada pela legislação vigente;
7. É
lamentável que, além de tentar desqualificar o trabalho de quem realmente
preocupa-se com a população, as autoridades governistas que deveriam zelar pela
vida da população, agora banalizam e minimizam mortes de crianças indefesas
que, sem dúvida, poderiam ter escrito uma história digna e contribuído para um
Distrito Federal melhor para todos nós.
Caio Barbieri
Assessor de Imprensa da Comissão de
Educação, Saúde e Cultura da Câmara Legislativa do Distrito Federal.