Sexta, 4 de maio de 2013
Famílias de trabalhadores rurais sem terra ocupam fazenda perto de Brasília
Luciano NascimentoRepórter da Agência Brasil
A Fazenda Lagoa Bonita, em Planaltina, cidade do Distrito
Federal (DF), foi ocupada no fim da tarde de hoje (3) por cerca de 450
famílias de trabalhadores rurais sem terra. Nove movimentos sociais que
atuam no Entorno do DF organizaram a ocupação para protestar contra a
política de reforma agrária dos governos federal, do DF, de Goiás e
Minas Gerais. Eles querem que a fazenda seja transformada em
assentamento para a produção agrícola.
Os trabalhadores denunciam que a área, um complexo de 1,2 mil
hectares pertencentes à União, é grilada e deve ser destinada para fins
de reforma agrária. “Este é um ato de reivindicação que os movimentos
sociais de reforma agrária estão fazendo. O Incra já atestou que esta
terra é pública e não tem registro, e a gente quer que ela seja
destinada para assentar as famílias de agricultores que não tem como
produzir”, disse Carlos Lopes, integrante da Confederação Nacional da
Agricultura Familiar e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), uma
das noves organizações que ocupam a fazenda.
“A ocupação ocorreu hoje e a gente soltou uma carta para a sociedade e
o governo do Distrito Federal. A gente quer fazer a coisa de modo
transparente para evitar que as pessoas critiquem a reforma agrária”,
ressaltou Lopes.
De acordo com os movimentos sociais, a área da fazenda foi grilada há
mais de 20 anos em nome de Wlfried Karl Stoli. A propriedade está
localizada próximo ao Campus 2 da Faculdades Integradas (Upis).
Os ocupantes disseram que foram feitas várias tentativas de registrar a
terra em nome de Stoli, “um alemão que nunca residiu no Brasil”, disse o
coordenador da Conafer.
Em comunicado, as lideranças cobram uma ação do Poder Público em
relação a área e reivindicam que o governo inicie uma ação
discriminatória para provar a origem das terras do DF e do Entorno, bem
como a anulação das concessões de áreas públicas “aos grileiros
brasileiros e estrangeiros e a destinação das terras para as famílias de
agricultores sem terra”. Os manifestantes prometem permanecer no local
até serem recebidos por representantes dos governos do Distrito Federal e
do governo de Goiás para tratar do assentamento das famílias.
Além da Conafer, ocupação foi organizada por integrantes da Federação
Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar
(Fetraf), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento Luta
pela Terra (MLT), do Movimento de Apoio aos Trabalhadores Rurais (Matr),
do Movimento Brasileiro dos Trabalhadores Sem Terra (MBST), e da
Federação da Agricultura Familiar e Empreendedores Familiares Rurais
(Fafer) no Distrito Federal e em Goiás.