Quarta, 1º de maio de 2013
Gilvan Rocha*
Há
um clichê que se repete, a cada ano, no primeiro de maio, quando
costumam dizer: Primeiro de maio dia de luto e de luta. Na verdade, o
primeiro de maio é uma alusão ao confronto entre operários e as forças
da repressão em 1º de maio de 1886, na cidade de Chicago, nos EUA.
Quanto ao fato de se proclamar que também, o primeiro de maio é um dia
de luta, precisamos definir bem a natureza dessa luta.
Os
trabalhadores do mundo inteiro são movidos a lutar por uma pauta
imediata, que contemple as suas reivindicações em torno de melhores
salários, melhores condições de trabalho e segurança em seus empregos,
quando os têm. Esse é o caráter imediato da luta dos trabalhadores.
Trata-se de reivindicações que se atêm aos limites do próprio sistema
capitalista. Quando os trabalhadores vão além dessa pauta de lutas
imediatas e avançam no sentido de questionar o próprio sistema
socioeconômico vigente, eles se colocam em um patamar bastante superior.
Eles, os trabalhadores, quando têm consciência de que o sistema
capitalista consiste na existência de uma classe exploradora, a
burguesia, que monopoliza os meios de produção e submete os que
trabalham a um regime de exploração, então buscam a superação dessa
ordem econômica e se propõem a conquistar uma nova ordem econômica e
social, onde não exista a exploração do homem pelo homem, isto é, passam
a lutar pelo socialismo.
Assim,
fica claro que, apesar de importante, a luta cotidiana de resistência
ou de conquistas que minorem as agruras das classes trabalhadoras,
necessário se faz um avanço na qualidade de suas lutas, colocando as
massas de explorados e oprimidos, em uma postura inequivocamente
anticapitalista. Não devem, pois os trabalhadores, limitarem-se à
conquista de migalhas que sobram do banquete da burguesia. Seu destino
histórico pode estar muito além, uma vez que, sua possível determinação,
poderá conduzir não só à sua libertação das amarras do capitalismo, e
isto se dando, redundará na conquista da emancipação da humanidade e se
terá então um mundo de igualdade, justiça e paz. Portanto, é nesse
contexto que devemos nos reportar ao grande momento que pode ser o
primeiro de maio.
*Gilvan Rocha é o presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
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Lula, o patriota
Por Gilvan Rocha*
Já nos idos anos de 1848, Marx e
Engels, afirmavam: “o proletariado não
tem pátria!” O antigo proletário, Lula da Silva, destacado militante
sindicalista e figura maior do Partido dos Trabalhadores, tem se revelado um
abnegado patriota. Porém, o patriotismo do sr. Lula tem um viés faccioso, na
medida em que presta os seus serviços a uma facção da burguesia,
particularmente das empreiteiras, levando os seus pleitos a vários países.
Entre outros casos, há de se
destacar a participação do ex-proletário Lula, no seu afinco em proporcionar
bons negócios à empreiteira OLAS, em Costa Rica. Nesse episódio, parece existir
alguns lances nebulosos e, tanto é assim, que a procuradoria costarriquense denunciou
irregularidades nos contratos dessa empreiteira e, em função disso, foi aberto
uma rigorosa investigação da qual Lula não será poupado.
Outro caso que merece ser visto,
deve-se às incursões do ex-metalúrgico no Panamá onde, dessa vez, os seus
patrióticos serviços, tiveram como “cliente” outra empreiteira, a Odebrecht.
Vários são os casos em que a participação desse “viajante” tem se feito
presente. Quando acontece de haver contestações a respeito dessas andanças e
intervenções em favor de algumas empresas, tanto o Lula, quanto os petistas
dizem: “estamos empenhados em
proporcionar bons negócios para o Brasil”. Mas, o Brasil dos petistas é o
Brasil dos banqueiros, das empreiteiras, das indústrias, dos exportadores, dos
importadores, do agronegócio...
Em defesa desses segmentos do
capitalismo, Lula tem se prestado a ser um ardoroso defensor. Não é a toa que o
grande slogan do governo Lula foi “Brasil,
um país de todos”. Trata-se de uma desavergonhada mentira, pois como
sabemos, as terras do Brasil são deles, dos capitalistas, assim como os bancos,
as indústrias, as minas, o grande comércio, as grandes empresas. Ao povo restam
migalhas, que ao final de contas, terminam sendo bem recebidas, como é o caso
patente do programa do Bolsa Família, quando há o empenho em promover uma
política de assistência à miséria, quando a pretensão justa seria a abolição da
miséria e da pobreza e nunca administrá-las.
Do que foi dito, devemos concluir
que, pátria e patrão são coisas que se combinam e o que existe de fato, quando
se fala em defesa da pátria, é na verdade, a defesa dos interesses de uma
classe, ou seja, os interesses da burguesia.