Quinta, 2 de maio de 2013

Helio Fernandes
Todas as análises e observações são
preocupantes. O país caminha aceleradamente para a obsessão pelo Poder,
manobrada perigosamente pelos que estão no Poder e querem mais. Ou seja,
o que se vê, e não precisa de binóculo político ou eleitoral, é a
implantação de uma espécie de chavismo pré-pago, e sem bolivarianismo.
Seria o terceiro golpe em 73 anos. É
muito? Não é não, em vez do terceiro, poderíamos aumentar o número,
passar a contar a partir de 15 de novembro de 1889, quando ocorreu a
posse indireta dos marechais Deodoro e Floriano. Que vieram brigados da
estranha Guerra do Paraguai. Fizeram as pazes, pelo Poder.
PARLAMENTARES ATACAM O SUPREMO
E “LIVRAM A CARA” DO EXECUTIVO
Sempre foi o Executivo que oprimiu o
Legislativo. É ele que tem o Poder de distribuir favores, cargos e
privilégios, para que o Congresso aceite a “opressão”, gostosa e
gloriosamente. O Judiciário não tem o que oferecer, a não ser
julgamentos constitucionais.
MEDIDAS PROVISÓRIAS, SÓ
“URGENTES E RELEVANTES”
A Constituição de 1988 criou esse tipo
de votação, mas condicionou para casos “urgentes e relevantes”. Só que
passou a servir para tudo e para todos os presidentes, até hoje. FHC, no
cargo, retumbou a advertência que está no título da matéria.
DE GAULLE CRIOU ESSAS MEDIDAS
PARA ACELERAR E NÃO PARA DOMINAR
Eleito presidente da França, enviou para
o Congresso medidas provisórias, com sentido inteiramente diferente.
Precisavam ser votadas em 30 dias. Votadas, ganhava o Congresso ou o
Executivo. Se não fossem votadas nesse prazo, eram arquivadas, o assunto
não poderia mais ser discutido durante 2 anos. O inverso do que
fazemos.
MARCO MAIA ESTÁ
DE VOLTA AOS HOLOFOTES
Presidente da Câmara, ficou deslumbrado
durante 2 anos. Saiu do cargo, desapareceu. Agora apresenta projeto,
retumbando tudo o que desgasta a relação entre os Poderes.
Como presidente, exagerou nas tolices, saiu sem vaias ou aplausos, ignorado.
RENAN SATISFEITÍSSIMO: “AGORA O
SUPREMO VAI ARQUIVAR MEU PROCESSO”
No plenário, Executivo e Legislativo
fingiam brigar, debater, defender convicções. Houve um resultado, a
presidente VETOU. Pois ninguém se incomodou, os VETOS foram se
acumulando, Executivo e Legislativo pareciam não saber de nada. Quando
um ministro do Supremo mandou examinarem os VETOS, não havia solução.
Como votar aquela enxurrada, ”esquecida”?
AÉCIO NEVES ESTÁ
CONVERSANDO ERRADO
No Paraná, tem procurado o governador
Beto Richa (PSDB, o mesmo dele). Mas devia conversar com Alvaro Dias
(também PSDB), que tem mais história e mais votos do que o governador.
Além do mais, Beto é um oceano de ambição, não liga para ninguém.
O candidato a prefeito de Curitiba era
do seu partido, negou-lhe a legenda, ele trocou de partido, foi eleito,
ganhou do ex-correligionário.
Alvaro Dias foi governador, senador duas
vezes, líder no Senado. Disputa a reeleição em 2014, apesar de haver
apenas uma vaga, favoritíssimo.
AS IRREGULARIDADES DO PCDOB
CONTINUAM IMPUNES
Aldo Rebelo é ministro do Esporte.
Orlando Silva, do mesmo PCdoB, teve que deixar o cargo por excesso de
irregularidades. Não aconteceu nada, impunidade ampla, geral e
irrestrita, se candidata a vereador, ficou como primeiro suplente.
Lógico, deram um “jeito”, assumiu.
Agora, membros desse mesmo PCdoB estão
envolvidos em desvio de dinheiro alto do “Minha Casa, Minha Vida”. Dona
Dilma, que aposta grande parte da reeleição nesse projeto, não toma
providências. A Dilma “faxineira” existia apenas no início do mandato.
Agora, esquece inteiramente os autores desses desvios de um projeto dos
mais saudáveis e satisfatórios.
OS DILEMAS E PROBLEMAS
DE EDUARDO CAMPOS
Precisa desesperadamente eleger o
governador de Pernambuco, ou seja, fazer o sucessor. Para ser
presidenciável, é obrigado a deixar o cargo em março/abril de 2014.
Assume o vice João Lyra Neto do PDT. O antigo partido de Brizola,
convencido de que Campos sai mesmo, não se interessa em conversar, quer
assumir sem compromisso.
UMA HIPÓTESE: FAZER
ACORDO COM O PDT
Digamos que se entendam, a
desincompatibilização de Campos será aparentemente tranquila. Só
aparentemente. Fernando Bezerra, do PSB, é todo poderoso ministro da
Integração Nacional. Não esconde que pretende ser candidato a
governador, com apoio explícito, aberto e franco de Eduardo Campos.
Se não tiver o apoio do governador,
Bezerra deixará o PSB, irá mesmo para o PT, seria candidato com apoio de
Dilma e Lula. Nem é inédito. Em Brasília, Agnelo Queiros era candidato a
governador pelo PCdoB. Foi pedir apoio a Lula, ouviu a resposta: “Só se
for pelo PT”. Agnelo não conversou, mudou para o PT, foi eleito, apesar
de todos os rumores e indícios.
UM COMPARAÇÃO DE CAMPOS
COM ANTHONY GAROTINHO
Em 2002, era governador do Estado do
Rio, tinha a reeleição garantida. Pertencia ao PSB (o mesmo de Eduardo
Campos), largou tudo e foi candidato a presidente. Surpresa quase geral,
teve 15 milhões de votos.
Apesar de estar diariamente iluminado
pelos holofotes, Campos está longe dos 15 milhões de Garotinho. Se não
tiver isso, desgaste completo. E a fusão do estadual com o nacional,
desastre total. Se Dilma romper com ele, massacre político e eleitoral.
PS – Câmara e Senado, completamente
vazios na semana do feriado do Dia do Trabalhador, ontem. Pelo menos,
discurso de Chico Alencar. Importante pelo comportamento, está com uma
cabeleira que parece com a dos membros da Câmara dos Lordes.
PS2 – E ele é mesmo um lorde, só não
pode ser governador, pertence a um partido pequeno. Se for candidato,
não se elege e deixa o mandato de deputado. Preferimos que continue
deputado. Atuante como sempre.
PS3 – Barcelona e Bayern repetiram o
espetáculo e o objetivo da véspera. O Barça precisava de um gol rápido,
para melhorar a situação. Não chegou nem perto. Jogo em alta
velocidade, nenhum perigo de gol. A defesa do Barcelona batia cabeça,
atrasou várias bolas para o goleiro.
PS4 – Em dificuldades, Daniel Alves
atrasou, Valdés pegou com a mão, o jogo seguiu. Terminado o primeiro
tempo, um amigo telefonou. Sabia que eu estava vendo o jogo: “Helio,
liguei a televisão depois do jogo começado. Me diz: o Messi não está
jogando?” Dava mesmo a impressão. É lógico que fez falta, mas não teria
levado o Barcelona à vitória.
PS5 – Voltaram para o jogo, o
Barcelona precisando ainda de 4 gols para os penaltis. O Real Madrid
tinha que fazer 3 gols e não fez (obrigado, Darcy Leite, foi um lapso ,
esqueci que o Real Madrid fizera um gol na casa do adversário, não
haveria penaltis de jeito algum).
PS6 – Aos 4 minutos do segundo
tempo, o Bayern fez o que o Barcelona tinha que fazer, um gol. Na
verdade, golaço de Robben. Aí o Barça precisava vencer de 6 a 1, quem
acreditava? Aos 28, o segundo do Bayern, gol contra, até isso no
currículo do Barça.
PS7 – Virou goleada como no primeiro
jogo. Muller fez o terceiro, já fizera 2 no jogo inicial. Aos 35
minutos, sem emoção ou expectativa, dava vontade de desligar, com o
Bayern jogando em ritmo de “olé”.
PS8 – Acabou o jogo num plenário com
quase 96 mil assistentes. O Barça, em dois jogos, levou sete gols e não
fez nenhum. Não adianta nem entrar com liminar no Supremo, mesmo tendo a
garantia de Luiz Fux como relator.