Segunda, 21 de abril de 2014
ONG pede opinião de jovens sobre os altos investimentos aplicados para o Mundial
"É Justo?". A
pergunta já recebeu mais de duas mil curtidas até esta segunda-feira
(21), no perfil criado pela ONG carioca Rio de Paz para avaliar a
realização da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, a partir de junho deste ano, comparada ao estado
de miséria em que vivem os cariocas nas comunidades. O idealizador da
campanha virtual e fundador da Rio de Paz, Antônio Carlos Costa,
questiona aos internautas se "é justo que R$ 30 bilhões de verba pública
sejam investidos na Copa, que proporcionará à Fifa um lucro de R$11,4
bi, sem retorno para o povo brasileiro".
Durante
as três últimas semanas, a ONG visitou as comunidades do Jacarezinho,
Varginha, Mandela, Manguinhos, Nova Holanda e Parque União, localizadas
na Zona Norte da cidade,
para avaliar a que ponto os projetos gerados em função do campeonato
mundial podem favorecer a vida dos moradores desses lugares. O símbolo
da campanha do Rio de Paz é uma bola com a cruz vermelha, que representa
'o repúdio ao uso de verba pública na realização da Copa no Brasil',
como explica Costa.
A bola passou de mãos em mãos de uma garotada que só vai assistir
os jogos da Copa pela telinha de TV e comemorar cada vitória da seleção
brasileira dentro da comunidade. "É bem verdade que já havíamos feito
manifestações com bolas pintadas com cruzes vermelhas em Copacabana,
Brasília e na sede da Fifa, em Zurique. Mas, em áreas de miséria e
exclusão, começamos há pouco tempo, no Jacarezinho, na Zona Norte do
Rio", contou Costa.
Segundo
Antônio, a ideia da campanha está inserida na forma de atuação do Rio de
Paz, com ações pacíficas, criativas e baseadas em fatos, que por si
sós, fazem mais estrago na imagem do poder público do que o uso da
violência em manifestação, o que a ONG condena veementemente. "A causa
dessas manifestações é o uso de dinheiro do contribuinte na Copa do
Mundo. Nosso objetivo é mexer com a cultura política do país, tão
caracterizada pelo uso de verba pública à revelia do povo e sem retorno
para a população. Esperamos que, através dessa pressão política nas
ruas, algum legado dessa competição fique para as comunidades pobres do
Brasil. Até agora, na vida das favelas em que trabalhamos, o retorno
social é zero. Não há nada tão concreto quanto os estádios de futebol
que foram preparados para a Copa no Brasil", disse Antônio.
Na
visão de quem visitou as comunidades e viu de perto as mazelas
provocadas pela falta de investimento, o uso de verba pública na Copa do
Mundo sem retorno social proporcional ao investimento feito é sintoma
"da nossa patologia política". Antônio destaca que o grito do povo pode
fazer com que o dinheiro do contribuinte retorne para população, tão
carente de serviços públicos, e ainda que estes estejam à altura da
dignidade humana. "Não podemos mais conviver com escolas que não educam,
hospitais que não curam e segurança pública que não protege".