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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Petistas dizem que líderes da PM na Bahia são "incendiários"

Quinta, 17 de abril de 2014
Tribuna da Bahia
As especulações do cunho eleitoral foram levantadas por grande parte dos governistas. Eles alegaram, em entrevistas e postagens nas redes sociais, que os principais líderes grevistas, principalmente os que aparecem na mídia, são vinculados a grupos partidários contrários ao governador Jaques Wagner, a exemplo do vereador Marco Prisco (PSDB) e o deputado Capitão Tadeu (PSB), ambos futuros candidatos às eleições deste ano. Um é ligado ao grupo do ex-governador Paulo Souto (DEM) e o outro à senadora Lídice da Mata (PSB).

Um dos críticos ferozes foi o ex-secretário de Comunicação e pré-candidato a deputado estadual Robinson Almeida (PT). Ele disparou contra o socialista. “O capitão Tadeu é um dos principais responsáveis pela paralisação parcial dos serviços de segurança. Sempre foi um incendiário. Nunca quis acordo. O tempo todo insuflou as associações e a tropa para a crise. É adepto da teoria “quanto pior, melhor”. Enquanto estive na condição de secretário de Comunicação e coordenador do Pacto pela Vida, testemunhei as diversas tentativas de negociação. Tadeu se sente um comandante, um secretário e até mesmo um governador frustrado”, afirmou Almeida.
Em discurso, o deputado federal Valmir Assunção (PT) reforçou. Embora ele tenha destacado que o direito à greve é inquestionável, frisou que é preciso avaliar esta situação em específico. “Estamos diante de uma ação meramente eleitoreira, comandada pelo vereador de Salvador Marcos Prisco [PSDB], que é pré-candidato a deputado estadual. Ele assinou o acordo e foi para greve aterrorizar a população. Se havia negociação e até mesmo acordo firmado, qual a motivação real da greve? A meu ver, a intenção de Prisco é capitalizar politicamente em cima de uma categoria de trabalhadores. É preciso o bom senso dos policiais neste momento, diante do diálogo que já existe”, pontua Valmir.
Apontando para os avanços conquistados pelos policiais, o parlamentar diz que o governo ainda tem muito para avançar, mas enfatiza o que já foi feito. “Em 2007, no início do governo Wagner, um soldado da PM ganhava menos que um salário mínimo. Com todas as gratificações, chegava-se a um valor de R$ 1.237,97, o 11° no ranking brasileiro”.
Para Valmir, o Estado não oferecia a devida segurança aos policiais, que trabalhavam sem os equipamentos mínimos necessários, além de uma frota ultrapassada para auxiliar nas rondas. “O mesmo soldado que antes ganhava pouco mais de R$ 1.200, com o GAP V, passará a ganhar, até novembro deste ano, R$ 3.125,89, um aumento de 140,94%. Em 2014, o ganho real para os soldados no atual governo é de 65,14%. Para os cabos: o ganho real, que foi de 22,15% no período anterior, saltará para 69,93% entre 2007 e 2014”, afirma Assunção.
Em defesa dos grevistas
O presidente estadual do PSDB-BA, Sérgio Passos, por sua vez, afirmou que a greve não é partidária e se deve pela falta de sensibilidade do governador Jaques Wagner em atender as reivindicações da categoria.
“Com 11 meses em negociação, este governo foi incapaz de evitar essa situação. Esta greve não é política, é de uma classe, em que possui militantes de diversos partidos, reivindicando seus direitos por melhores condições de trabalho. A deflagração da greve é resultado do descaso do governador, que atendeu apenas 5% do que está sendo cobrado pelos policiais”, destacou o dirigente, ressaltando que “o movimento acarreta ainda mais insegurança e ansiedade à população baiana”.
Segundo Passos, a prova de que o movimento grevista é apartidário está, inclusive, na adesão de seis associações vinculadas à Polícia Militar.
Entre elas, ele cita a Associação de Policiais e Bombeiros e de Seus Familiares (Aspra), a Associação de Praças da Polícia Militar da Bahia (APPM-BA), a Associação dos Oficiais da Polícia Militar da Bahia (AOPM-BA Força Invicta), a Associação dos Oficiais Auxiliares da Polícia Militar (AOAPM-BA), a Associação dos Subtenentes, Sargentos e Oficiais da Polícia Militar da Bahia (ABSSO-BA) e a Associação dos Bombeiros Militares da Bahia – Associação Dois de Julho.
O deputado Carlos Geilson (PTN), em pronunciamento ontem (16) na Assembleia Legislativa, foi um dos que rechaçou as críticas de que a paralisação foi eleitora.
“Não adianta querer dizer que a greve é política. Isso é fruto de muitas reivindicações não atendidas. E essa greve já vem sendo orquestrada há muito tempo e com o conhecimento das autoridades baianas. O governo que não se antecipou, não foi capaz de estabelecer um acordo para a prevenção de um problema anunciado”, declarou.
O presidente da Câmara, vereador Paulo Câmara (PMDB), em entrevista à rádio Metrópole, preferiu comentar a greve de forma geral. O tucano pediu que a situação seja resolvida o mais rápido possível para não causar transtornos para a população.