Quinta, 22 de janeiro de 2015
André Richter - Repórter da Agência Brasil
A
defesa do vice-presidente da empreiteira Engevix, Gerson de Mello
Almada, reconheceu hoje (22) que fez pagamentos ao esquema de corrupção
na Petrobras. Na resposta enviada à Justiça Federal em Curitiba, na ação
penal a qual ele responde, os advogados alegaram que Almada sofreu
ameaças do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto
Costa, para fazer os pagamentos.
Os advogados de Almada afirmaram
que Costa passou a exigir "percentuais de todos os executivos das
empreiteiras que tinham contratos com estatal". Acrescentaram que Paulo
Roberto ameaçava os empresários, "um a um", com o poder econômico da
Petrobras. Os advogados destacaram que o ex-diretor "prometia causar
prejuízos no curso de contratos. Dizia que levaria à falência quem
contrastasse seu poder, sinônimo da simbiose do poder econômico da mega
empresa com o poder político do governo."
Para os advogados,
Gerson Almada foi vítima do pragmatismo das relações políticas e por
fazer parte de um grupo que "pecou" por não resistir a pressão para
pagar propina.
"O pragmatismo nas relações políticas chegou, no
entanto, a tal dimensão que o apoio no Congresso Nacional passou a
depender da distribuição de recursos a parlamentares. O custo alto das
campanhas eleitorais levou, também, à arrecadação desenfreada de
dinheiro para as tesourarias dos partidos políticos. Não por
coincidência, a antes lucrativa sociedade por ações, Petrobras, foi
escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base
aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias", alegam os
advogados.
Na petição, a defesa também pede a nulidade dos
pedidos de busca e apreensão, das escutas telefônicas e da investigação
criminal.