Quarta, 4 de fevereiro de 2015
André Richter - Repórter da
Agência Brasil
A ex-gerente executiva da Diretoria de Abastecimento da
Petrobras Venina Velosa da Fonseca afirmou, em depoimento à Justiça Federal,
que um funcionário da área jurídica da empresa também foi afastado das funções
após denunciar reuniões em que contratos aditivos eram negociados. Venina
prestou nessa terça-feira (3) o primeiro depoimento como testemunha nas
investigações da Operação Lava Jato. No ano passado, ela disse que foi afastada
da estatal após denunciar desvios na empresa.
Ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas
investigações, a ex-gerente confirmou que teve conhecimento de que assuntos
internos da Petrobras eram levados ao grupo de empreiteiras, formado pela
Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi).
Em julho de 2009, o gerente Fernando de Castro Sá tomou
conhecimento de alguns documentos sobre reunião dos advogados da Petrobras e da
Ademi na empresa. Era solicitado que as empresas fizessem o pedido de aditivos
de forma clara e organizada, já que eram considerados confusos e ficava difícil
organizar. "Quando ocorreu isso, ele me falou que montou uma documentação
sobre o assunto, encaminhou ao gerente jurídico da Petrobras, Nilton Maia. Em
vez de ele se sentir apoiado, Nilton Maia criou uma comissão disciplinar, uma
sindicância, e esse gerente foi afastado das funções e colocado em uma sala,
por um período, sem trabalho", relatou.
Venina Velosa também afirmou que houve uma "escalada
de preços" nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, principal
área investigada na Operação Lava Jato. Segundo a ex-gerente, o fato ocorreu
porque o ex-diretor de Serviços e Engenharia Renato Duque desaprovou novo
modelo de contrato que responsabilizaria as empresas em caso de prejuízos.
No primeiro depoimento, Venina respondeu apenas a questões
relacionadas ao pagamento de propina das empreiteiras e da formação de cartel,
na ação penal em que a Engevix é investigada. Ela ainda deve prestar mais
quatro depoimentos nos processos de outras empreiteiras.
Nesta quarta-feira (4), a partir das 14h, os empresários
Augusto Mendonça, Júlio Gerin de Camargo e a ex-contadora do doleiro Alberto
Youssef Meire Pozza voltam a prestar depoimento à Justiça Federal em Curitiba.
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