Domingo, 19 de julho de 2015
Do Congresso em Foco
Segundo os documentos, Lula atuou em
favor da empresa em países como Portugal, Cuba e Zimbábue, valendo-se do
BNDES como instituição financiadora. Lula e Odebrecht negam. Jornal O
Globo obteve os documentos por meio da Lei de Acesso à Informação
Telegramas diplomáticos trocados entre 2011 e 2014 por chefes de consulados brasileiros no exterior e o Ministério das Relações Exteriores indicam que o ex-presidente Lula atuou como lobista do grupo Odebrecht, empresa investigada na Operação Lava Jato, fora do Brasil. Com a revelação do jornal fluminense, caem por terra a versão de que Lula apenas faziam palestras remuneradas para a companhia. Segundo manchete de capa do jornal O Globo, os documentos mostram que o petista, já depois de deixar a Presidência da República, atuou em duas ocasiões para beneficiar a empresa.
Em uma delas, houve uma solicitação formal ao primeiro-ministro de
Portugal, Pedro Passos Coelho, para que fossem privilegiados os
interesses da companhia em processo de privatização naquele país. Em
outra situação, descrita em um dos telegramas, Lula “abriu as portas” do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao governo
do Zimbábue, país da África comandado por Robert Mugabe sob regime
ditatorial.
O jornal obteve acesso aos telegramas por meio da Lei de Acesso à
Informação junto ao Itamaraty, que os liberou na última quinta-feira
(16). O material descreve encontros de Lula em Cuba na companhia de
representantes da construtora. Em uma das viagens à nação-ilha
caribenha, o ex-presidente foi ciceroneado pelo presidente da
corporação, Marcelo Odebrecht, e pelo ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu. Em outra visita a Cuba, Lula atuou para beneficiar a Odebrecht
em projetos ligados à área de energia na região de Muriel, onde a
empresa recebeu recursos do BNDES para construir um porto.
Marcelo Odebrecht está entre os empreiteiros presos em decorrência
das investigações da Operação Lava Jato, que descobriu um bilionário
esquema de corrupção na Petrobras. “Por meio da assessoria de imprensa
de seu instituto, o ex-presidente Lula nega que tenha recebido de
qualquer empresa para ‘dar consultoria, fazer lobby ou tráfico de
influência’. A Odebrecht também nega ter usado serviços de Lula para
tentar obter contratos”, registra a reportagem de O Globo.