Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Não é tarefa da classe trabalhadora defender Lula

Segunda, 22 de janeiro de 2018

Será julgado pelo TRF4, no próximo dia 24 de janeiro, o recurso de Lula à condenação em primeira instância que o condenou a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo recebimento do tríplex no Guarujá da empresa OAS.

Com a aproximação do julgamento, setores como a Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo e do próprio PSOL preparam um calendário de mobilizações nos estados e em Porto Alegre pelo que vem chamando de “direito” de Lula se candidatar à  presidência , afirmando  que Lula e o PT estariam sendo perseguidos por serem, supostamente uma ameaça aos interesses da burguesia e do imperialismo. Infelizmente, a direção do Andes também não aguentou  essa pressão e aderiu ao discurso de que a condenação de Lula seria uma derrota da democracia.

O PT não pode se dizer perseguido pela burguesia, pois durante os 13 anos em que esteve no poder, governou prioritariamente para ela. Como o próprio Lula afirmou por várias vezes que “nunca os empresários ganharam tanto dinheiro como no meu governo“. Já partidos como o PMDB, PSDB e DEM tampouco podem tripudiar sobre uma eventual condenação de Lula sem dizer que são também completamente corruptos e enrolados com as mesmíssimas empresas beneficiadas pelos governos petistas.

Não confiamos nem aplaudimos a Justiça burguesa, assim como não podemos nos comprometer a defender Lula e o PT, que escolheram outros amigos e outro caminho, como repetem agora na tentativa de reeditar a aliança do PT e PMDB (com Renan, Requião, Eunício de Oliveira e cia). A situação de Lula não  é produto de uma perseguição política à classe trabalhadora. É sim uma disputa entre dois campos burgueses dentro de uma democracia burguesa em crise. 

Também não concordamos em  falar em “Estado de Exceção” devido às prisões de meia dúzia de políticos, reitores e empresários. O povo pobre e negro da periferia deste país vive um genocídio (556 mil pessoas foram assassinadas no Brasil em 12 anos) e são mais de 600 mil presos e quase 300 mil são vítimas de prisão preventiva, coercitiva e sem julgamento.  Para piorar, os governos petistas ampliaram as medidas antidemocráticas e repressivas, como a Lei Antiterrorismo proposta e sancionada pelo governo Dilma

Não podemos defender o  Lula e seu programa de conciliação de classes,  responsável por perpetuar a miséria e a pobreza em nosso país em favor dos lucros dos banqueiros e grandes empresários. Responsável ainda pela ampliação dos cortes no orçamento e privatização da educação (ProUni, Reuni, EBSERH, entre outros) e por violar nossa liberdade sindical através da tentativa de cassar o registro sindical do ANDES em favor do Proifes, criado pelo PT e a CUT.

Portanto, não é tarefa da classe trabalhadora fazer a defesa de Lula. Não temos que escolher entre o carrasco menos pior. Nossa tarefa é lutar para derrubar essa reforma da Previdência que o governo Temer e esse Congresso corrupto querem aprovar em fevereiro, revogar a reforma trabalhista e a Lei da Terceirização, e ao mesmo tempo, construir uma alternativa de independência de classe, por fora do campo de colaboração de classes do PT e dos partidos burgueses.

Lula não é um dos nossos!

Cadeia para todos os corruptos e corruptores com confisco dos seus bens!

Coletivo Andes em Luta