Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 21 de janeiro de 2018

Urbanismo: Invasões made in China

Domingo, 21 de janeiro de 2018
Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna
Embaixadas ocupam terrenos públicos na capital e causam fuzuê diplomático. Repartições de vários países, como China, Argentina, Catar e Arábia Saudita, invadem terrenos públicos em Brasília. Removê-las virou disputa diplomática.

Por Patrik Camporez, publicado originalmente na Revista Época
Nas margens do Lago Paranoá, ponto turístico e nobre de Brasília, uma construção trabalhada em detalhes orientais, ladeada por palmeiras imperiais, lustres ornados, um gramado impecavelmente podado e uma mansão de mais de 400 metros quadrados, impede que qualquer morador ou turista se aproxime da orla. Trata-se do espaço de oração da residência oficial do embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang.
Desde 2016, uma determinação da Justiça do Distrito Federal (DF) obriga o governo local a derrubar qualquer construção fixada a menos de 30 metros de distância do lago. Agentes do governo passaram o trator em cercas, churrasqueiras e demais edificações. A operação de desobstrução só foi interrompida quando deparou com a cerca de metal verde, chumbada no concreto, da embaixada chinesa.
Por força da Convenção de Viena – tratado internacional que regula as relações diplomáticas –, a residência (e os puxadinhos) dos agentes diplomáticos estrangeiros é inviolável. A crise do muro chinês se replicou pela orla. Há outras embaixadas invasoras. Escaramuças diplomáticas inéditas foram abertas para o Itamaraty.

 Naquele momento, em meados de 2017, tanto a embaixada da China como unidades diplomáticas de pelo menos outros dez países, como Catar, Arábia Saudita e União Europeia – que desfruta da mesma proteção –, já tinham recorrido ao Ministério das Relações Exteriores e provocado uma confusão.