Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Baile de máscaras

Setembro
16

Baile de máscaras

Às duas da manhã de hoje, no ano de 1810, Miguel Hidalgo  gritou o grito que abriu caminho para a independência do México.
Quando o grito ia cumprir um século, em 1910, o ditador Porfírio Díaz antecipou em um dia a celebração, para que coincidisse com o seu aniversario; e o Centenário foi uma enorme festança.
A cidade do México, lustrada e maquiada, recebeu os distintos convidados de mais de trinta países, chapéus de copa, chapéus de plumas, leques, luvas, ouros, sedas, discursos... O Comitê de Damas escondeu os mendigos e calçou os meninos de rua. Os índios foram vestidos, calças distribuídas de graça, enquanto era proibido o ingresso dos que vestiam seus tradicionais calções de estopa. Dom Porfírio colocou a pedra fundamental do cárcere de Lecumberri, e solenemente inaugurou o Manicômio Geral, com capacidade para mil loucos.
Um desfile impressionante relatou a história nacional. Um aluno da Escola Dentária representou Hernan Cortez, o primeiro  voluntário que veio para melhorar a raça, e um índio triste desfilou disfarçado de imperador Montesuma. Uma corte francesa, ao estilo Luís XVI, ocupou o carro alegórico que arrancou mais ovação.

Eduardo Galeano, no livro Os filhos dos dias (Um calendário histórico sobre a humanidade), 2ª Edição, L&PM Editores, 2012, página 296.