Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Mídias sociais: Exército treina sua tropa de digital influencers

Segunda, 7 de setembro de 2020
Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna

No twitter, o Exército possui 1,084 milhão de seguidores. Quantitativo superior a soma do total de seguidores dos perfis oficiais dos exércitos da Argentina, Chile, Colômbia e Reino Unido juntos, mas as interações – curtidas e compartilhamentos – não são proporcionalmente da mesma grandeza. Talvez por isso mesmo, a Força Terrestre decidiu criar uma tropa de digital influencers.

Diferentemente das emissoras e dos perfis oficiais, agora, nas redes sociais, a proposta é outra. Não serão profissionais de comunicação que atuarão na ponta, na condição de influenciadores digitais. O projeto, já em campo, visa capacitar a tropa, inclusive recrutas – são 80 mil novos rapazes a cada ano -, para interagir nas diversas plataformas e aplicativos.

Por Chico Sant’Anna

Quem precisa de robô, se pode se valer de uma tropa toda para atuar nas redes sociais?

Em uma conjuntura em que o Supremo Tribunal Federal tenta identificar quem financia e quem administra “robôs” difusores de mensagens nas redes sociais, o Exército Brasileiro inova nas tarefas da tropa. Com uma força estimada, em 2014, em 219 mil militares, o Exército Brasileiro decidiu potencializar as mídias sociais a fim de utilizá-las como mais uma ferramenta de comunicação. A política de conquistar corações e mentes por meio das mídias não é nova. Em 2002, foi criada em Brasília, pelo Comando Geral do Exército Brasileiro, a FM Verde Oliva, que seria a cabeça de uma rede nacional, o Sistema Verde Oliva de Rádios, idealizada pela Força para atuar em todo o território nacional.

Na ocasião, concursos públicos para selecionar profissionais de comunicação chegaram a acontecer. Na condição de oficiais, atuariam nessa estrutura radiofônica e em outras instâncias da Comunicação Militar. Pesquisas acadêmicas demonstraram no passado que os critérios de noticiabilidade desse radiojornalismo militar não se diferenciava muito das emissoras civis que não são focadas em jornalismo em tempo real e 24 horas ao dia.[i]

O Exército tem ciência de que “as mídias sociais estão sendo apropriadas por pessoas, empresas e instituições como grandes veículos de comunicação ou de mobilização, especialmente porque as redes sociais proporcionam informações rápidas e abrangem grande número de interessados” – conforme salienta sua cartilha de Segurança nas Redes Sociais. Desde 2010, enquanto instituição, a Força Terrestre atua nas redes sociais, notadamente no Twitter, Facebook, Youtube, Instagram e por meio do blog EBlog.

Em 1º de setembro de 2020, possuía 1,084 milhão de seguidores no twitter – a mesma quantidade da pessoa do Gal. Augusto Nunes, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e, praticamente, o dobro das Forças coirmãs: Marinha, 544,1 mil e a Aeronáutica, 553,6 mil seguidores. No instagram são 1,5 milhão e a fanpage já recebeu 3,904 milhões de likes. Os números são impressionantes. No twitter são superiores a soma do total de seguidores dos perfis oficiais dos exércitos da Argentina, Chile, Colômbia e Reino Unido juntos, mas as interações – curtidas e compartilhamentos – não são proporcionalmente da mesma grandeza. Talvez por isso mesmo, a Força Terrestre decidiu criar uma tropa de digital influencers