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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Eleições: mobilidade descarrilou no debate da Band

Segunda, 8 de agosto de 2022


Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna

O Distrito Federal, com seus 3,2 milhões de habitantes e quase dois milhões de veículos, precisa com urgência de um sistema de transporte COLETIVO, com qualidade, conforto e pontualidade. E para isso, é necessário investir em modais que transporte uma maior quantidade de passageiros: metrô, VLT, e corredores expressos de ônibus.

Por Chico Sant’Anna
Como em todas as eleições, o debate da rede Bandeirantes de TV deu a partida ao processo eleitoral. Nem todos os candidatos ao GDF estavam no palco, pois a lei obriga convidar, apenas, quem tem representação no Congresso. Assim, candidatos de partidos como o PCO, PSTU, PCB e Democratas Cristão não apresentaram suas ideias. O PMN ainda não registrou o seu. Grosso modo, o debate foi superficial, não mergulhou em propostas e projetos. Dentre um tiroteio mirando sempre Ibaneis Rocha (MDB), o único tema que veio com um pouco mais de detalhamento – mas não muito – foi a mobilidade urbana no Distrito Federal. E o que veio a público é desalentador.

Primeiro a falar em mobilidade, foi Rafael Parente (PSB), mas não deve ter conversado antes com Marcelo Dourado, ex-presidente da Cia do Metrô, na gestão pessebista de Rodrigo Rollemberg. Parente, como quer ser chamado eleitoralmente, frisou duas vezes ao longo do debate a vontade de reintroduzir o transporte em vans. O brasiliense guarda essa triste lembrança. Transporte precário, sucateado, como motoristas despreparados apostando corrida pelas ruas de Brasília. Pegavam passageiro em qualquer lugar e deixavam em qualquer lugar. A quantidade de acidentes era infinita.

Se existe um modelo de transporte ineficiente no mundo, esses são as vans. Só perdem – se é que perdem – para o tuk-tuk. Vans são improdutivas. Transportam no máximos uns 20 passageiros, quando muito. Não contribuem para o conjunto do sistema, descapitalizando-o e tornando a passagem do metrô e dos ônibus convencionais mais caras. No Rio de Janeiro, o transporte de van foi sequestrado pelo mundo do crime e hoje serve até pra lavagem de dinheiro.

O Distrito Federal, com seus 3,2 milhões de habitantes e quase dois milhões de veículos, precisa com urgência de um sistema de transporte COLETIVO, com qualidade, conforto e pontualidade. E para isso, é necessário investir em modais que transporte uma maior quantidade de passageiros: metrô, VLT, e corredores expressos de ônibus.