Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 11 de dezembro de 2022

O poeta que era uma multidão

O poeta que era uma multidão

Pelo que se acreditava, Fernando Pessoa, o poeta de Portugal, levava dentro dele outros cinco ou seis poetas.

No final de 2010, o escritor brasileiro José Paulo Cavalcanti concluiu sua pesquisa de muitos anos sobre alguém que sonhou ser tantos.

Cavalcanti descobriu que Pessoa não abrigava cinco, nem seis: levava cento e vinte e sete hóspedes em seu corpo magro, cada um com seu nome, seu estilo e sua história, sua data de nascimento e seu horóscopo.

Seus cento e vinte e sete habitantes haviam assinado poemas, artigos, cartas, ensaios, livros...

Alguns deles tinham publicado críticas ofídicas contra ele, mas Pessoa nunca havia expulsado nenhum, embora deva ter sido difícil, suponho, alimentar uma família tão numerosa.”

(Eduardo Galeano, em 'Os filhos dos dias',
2ª edição, L&PM Editores, página 389)

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Fernando Pessoa