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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Moradia: a hora da “alphavillezação” do Entorno do DF

Quinta, 15 de dezembro de 2022

Do Blog Brasília, por Chico Sant'anna

No Distrito Federal, o padrão de morar em residências e não em apartamentos é visto como um elemento de qualidade de vida, segurança, de desfrute de momentos únicos de lazer. Por isso, condomínios fechados de casas são um modelo de habitação almejado pelos brasilienses. Focado nesse nicho de mercado, projetos imobiliários inspirados no empreendimento paulista de Alphaville começam a ser ofertados nos municípios goianos circunvizinhos.


Por Chico Sant’Anna

O brasiliense assiste atônito ao anuncio de vários novos bairros. É o do Jóquei, o Pátio Rodoviário, uma nova quadra no Guará, outra no Sudoeste ou mesmo uma cidade inteira ao lado de Sobradinho. Os anúncios oficiais – embora algumas iniciativas sejam privadas – transparecem falta de planejamento de médio e longo prazo para a ocupação racional e ordenada do solo urbano. Isso sem falar nas ocupações irregulares. O que se vê são medidas isoladas pululando na mídia. A falta de uma visibilidade do planejamento de longo prazo assusta e incentiva a especulação imobiliária. Os espaços estão ficando escassos, tanto para quem tem renda, quanto para quem não tem recursos para morar. De olho nesse cenário, o setor imobiliário olha para além fronteiras e já começa a lotear áreas do Entorno mais próximas do Plano Piloto. A proposta segue a referência do empreendimento paulista Alphaville. Cidades, bairros murados, cercados como fortificações e, de certa maneira, autônomos em relação à vizinhança, nem sempre do mesmo padrão social. É a “alphavillezação” chegando com toda força ao Entorno do DF.

Sonho de consumo

O padrão de morar em residências e não em apartamentos é visto como um elemento de qualidade de vida, segurança, de desfrute de momentos únicos de lazer, diz o advogado e diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Distrito Federal (Creci-DF) Diego Gama. Por isso, segundo ele, no DF, os condomínios fechados de casas são um modelo de habitação almejado pelos brasilienses, porém muitos sofrem, há várias décadas, em decorrência de eles terem sido implantados de forma irregular, deixando os moradores em situação de insegurança jurídica. De 980 mil domicílios, apenas cerca de 600 mil têm matrícula em cartório, diz o advogado.

De olho nessa preferência do consumidor e na falta de áreas para empreender no quadradinho do DF, a saída é atravessar a divisa e Valparaíso de Goiás, pela curta distância e disponibilidade de terra, é a candidata da vez.