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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Auditoria Cidadã da Dívida lutará ao lado dos servidores para barrar o PLP 257/16, que prejudica os servidores púbicos

Sexta, 1º de abril de 2016
Da Auditoria Cidadã da Dívida
O Governo Federal trabalha forte junto ao Congresso para votar e aprovar o PL 257/16, que ataca mais uma vez os servidores públicos e de forma direta e indiscriminada.

Sob a justificativa de ser necessário estabelecer o reequilíbrio fiscal para fazer superávit primário, o projeto, inicialmente, acena aos Estados como possibilidade de saída para o endividamento, alongando o pagamento das dívidas com a União em até 20 anos, e com o BNDS em 10 anos.


O governo também oferece redução de 40% nas prestações mensais de dívidas estaduais nos primeiros dois anos. Se todos os estados assinarem, o impacto no orçamento deve alcançar de R$ 45,5 bilhões em três anos, segundo projeção do governo federal.

Se consideradas as imensas ilegalidades inseridas no processo de refinanciamento das dívidas dos estados, desde 1998, essa redução ainda está muito aquém do que deveria ser abatido do estoque da dívida dos entes federados. Mas não é disso que se trata. Apresentada como benefício, tal “redução” terá que ser compensada por reformas que destroem o serviço público nos estados, impondo um preço alto aos trabalhadores.

Isso porque, por trás da proposta de alongar o pagamento de dividas dos estados que foram refinanciadas pela União e BNDES, o governo federal exige o congelamento dos salários dos servidores, suspensão de concursos, demissão, imposição de previdência complementar com regras de mercado, aumento da cobrança de contribuição dos servidores, entre outras medidas nocivas ao setor público, como privatizações.

A Auditoria Cidadã da Dívida lutará ao lados dos servidores para barrar esse PLC 257/16, denunciando as diversas irregularidades inseridas nas dívidas dos estados e exigindo auditoria dessas dívidas. “Não aceitaremos que dívidas decorrentes de ilegalidades, ilegitimidades e até fraudes sirvam de justificativa para a retirada de direitos dos trabalhadores estaduais”, declara a coordenadora nacional da ACD, Maria Lucia Fattorelli, que é a autora do livro “Auditoria Cidadã da Dívida dos Estados”, publicado pela Inove Editora em 2013.
O livro resgata de forma crítica e o endividamento dos estados e pode ser uma ferramenta para os trabalhadores denunciarem as ilegalidades.
NOTA DA AUDITORIA CIDADÃ AOS PARLAMENTARES DO CONGRESSO NACIONAL
Senhoras e Senhores Deputados, Senhoras e Senhores Senadores,
O mais alto grau de exploração do povo somente pode ser praticado com o uso do Estado. Assim, dirigindo toda atenção ao sistema financeiro, em 2015, o País destinou mais de meio trilhão ao pagamento de juros da dívida pública federal. Enquanto isso as políticas sociais e de investimentos são duramente atingidas.
A verdadeira extorsão praticada sobre Estados e Municípios Brasileiros com a Federalização de suas dívidas em 1998 (com correção pelo IGP-DI mais juros de 6%, 7,5% e até 9,0%), aliada a uma política recessiva, a tributação regressiva e concentradora de receitas na União, levou à deterioração das finanças de todos os entes federados.
O PLP nº 257/2016, que pretende refinanciar a dívida com os estados em troca de enormes prejuízos aos servidores, vai aprofundar a crise econômica que o país atravessa. Com sua implantação, o Governo Federal trará prejuízos incontestes à prestação de serviços públicos e ausência de futuro para Estados e Municípios.
Privatizações. Congelamento salarial. Suspensão de concursos. Demissão de servidores. Imposição de previdência complementar. Elevação da contribuição previdenciária. Limitação de progressões funcionais. Redução de indenizações. Suspensão da política de aumento real do salário mínimo. Essas medidas oportunistas, negociadas (ou impostas) pelo governo federal com estados e municípios, em busca de sustentação política – apesar do rótulo de “ajuste fiscal” –, são o retrato de um governo agonizante e desnorteado que, no momento em que mais precisa da classe trabalhadora, repete os mesmos erros do passado: afagar o mercado financeiro, buscar apoio de caciques partidários e virar as costas aos movimentos sociais.
Causa indignação o envio açodado ao Congresso, o fato de o Projeto não enfrentar o maior problema das contas públicas, a saber, a dívida interna e os elevados juros praticados no Brasil.
Nossa resposta é a derrubada do veto da Presidente Dilma à Auditoria da Dívida Pública.
A ACD apresenta irrestrita solidariedade aos servidores públicos ativos, aposentados e seus pensionistas, dos Poderes e Órgãos do Executivo, Legislativo e Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e Tribunais de Contas, das esferas Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal. Manifesta seu veemente repúdio ao violento ataque contra os trabalhadores do setor público promovido por meio do PLP nº 257/2016.
A destruição das condições de prestação de serviço, pelo Estado, ao povo Brasileiro, condenará o BRASIL a não ter futuro.
Senhores, não votem o PLP nº 257/2016.
Auditoria Cidadã da Dívida,

Brasília, 28 de março de 2016.