Quinta, 17 de janeiro de 2013
José Carlos WerneckTribuna da Internet
Ainda repercute, em Brasília, o manifesto, lançado na última
terça-feira, por senadores que comparam o retorno de Renan Calheiros à
presidência da Casa à escolha feita pelos antigos “Coronéis do Interior”
na época da Primeira República . “Voltaremos do recesso parlamentar
apenas para ratificar o nome, nomeado sem apresentar qualquer proposta
que mude o nosso funcionamento.
Cristovam Buarque, responsável pela divulgação do manifesto, disse
tê-lo enviado para o gabinete de mais de 30 parlamentares. O senador
pedetista salientou que não encaminhou o documento para Renan, porque
espera que ele apresente sua própria plataforma de campanha para seus
colegas. “Vou esperar ele mandar para mim. Senão mandar, eu mandarei a
nossa plataforma”, disse o representante do Distrito Federal.
O documento, intitulado “Uma nova presidência e um novo rumo para o
Senado”, é uma série de propostas de modificação no funcionamento
administrativo e legislativo do Senado, enfraquecido, nos últimos anos,
por diversas crises, como a saída,em 2007, do próprio Renan, da
presidência, após ser absolvido de dois processos de cassação em
plenário, e os atos secretos revelados pelo jornal “O Estado de São
Paulo”, em 2009, que quase derrubaram o atual presidente José Sarney.
RANDOLFE
Mesmo com pouquíssimas chances de impedir a vitória de Calheiros, o
jovem senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que também participou da
elaboração do texto, vai entrar na disputa, marcada para 1º de
fevereiro. “A crítica está aí, mas se a carapuça servir? Eu acho que ele
(Renan Calheiros) tem responsabilidades com o maior partido do
Congresso, que deve presidir a Câmara e o Senado, partido do qual ele é
líder”, enfatizou Randolfe.
“Não é contra o Renan, mas a maneira como o processo está sendo
conduzido. Na Câmara, os candidatos estão rodando o Brasil fazendo
campanha, enquanto no Senado ninguém fala quem é o candidato”, completou
Cristovam Buarque um dos idealizadores do documento.
Entre as 17 propostas de mudança constantes no manifesto, estão a
limpeza da pauta de votações, com a apreciação dos vetos presidenciais e
do Fundo de Participação dos Estados, o fim das votações simbólicas nas
comissões e no plenário, a diminuição do número de comissões temáticas e
a criação de um comitê composto por senadores para acompanhar os gastos
da Casa.