Segunda, 11 de março de 2013
Por Vicente
Vecci*
Lendo
a edição do Diário da Manhã –www.dmdigital.com.br do dia
oito desse mês, deparamos na página 14 com o artigo do nosso
ex-colega no então semanário Cinco de
Março,Carlos Alberto Santa Cruz, intitulado Comandante
Cháves, hasta siempre, referindo-se à morte do ex-presidente da Venezuela.
Que nos perdoe o colega mas na frase “Cristo e Che muito se parecem até fisicamente” existe uma retumbante heresia. Se fosse pronunciada ou escrita na época da Inquisição essa comparação com alguma personalidade ícone da época como é Che é hoje, com certeza o Tribunal Eclesiástico mandaria para a fogueira quem fez citação semelhante.
Que nos perdoe o colega mas na frase “Cristo e Che muito se parecem até fisicamente” existe uma retumbante heresia. Se fosse pronunciada ou escrita na época da Inquisição essa comparação com alguma personalidade ícone da época como é Che é hoje, com certeza o Tribunal Eclesiástico mandaria para a fogueira quem fez citação semelhante.
O histórico navegador Cristovão Colombo quase foi para a fogueira por muito menos quando diante dos reis da Espanha Fernando e Izabel e cúpula da igreja Católica, disse na expectativa de angariar dos monarcas financiamento para sua viagem que iria propagar o cristianismo nas terras que viriam a ser descobertas. De imediato um cardeal presente alfinetou: “Estás se intitulando apóstolo de Cristo? Se ele tivesse respondido que sim teria ido para a fogueira. Diz a história.
A nosso ver , intitular –se apóstolo em qualquer circunstância é muita heresia e falta de humildade. Nós não somos dignos nem de atar as alpercatas de nenhum discípulo ou apóstolo de Jesus, se algum deles materializar –se em nossa frente.
Cristo ou Jesus (Yeshua em aramaico) está muito longe de ser comparado com algum ser humano, mesmo porque nunca se provou a sua característica física. A igreja Católica e os artistas do período da Renascença pintaram um personagem com barbas e cabelos longos para conquistar fiéis que também pode ser semelhante ao alferes mártir José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, conforme se divulgara. E acreditamos que o catolicismo foi mais além da arte pictórica. Pintou um Cristo pacífico e submisso. Ora, pelo Novo Testamento, existem fatos narrados pelos evangelistas que mostram justamente o contrário. No versículo 14 do capítulo 23-Mateus, está a prova que Jesus não era manso nem ordeiro: “Aí de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongada orações; pois sofrereis mais rigoroso juízo.Essa colocação de Cristo vale até para dias atuais, onde determinadas igrejas evangélicas existem pastores que tem comportamentos idênticos aos antigos escribas e fariseus, e não se limitam somente a explorarem financeiramente e materialmente às viúvas, roubam os incautos e pobres de espíritos. Outras frases foram pronunciados mostrando a sua bravura e estão na Bíblia, como “ Não vim trazer paz à terra, Vim trazer a espada! Lembram-se das Cruzadas?
Gibran Kalil Gibran em seu livro Jesus, o Filho do Homem, onde imagina o depoimento sobre o Cristo de 55 personalidades que viveram em sua época cita um deles: Nataniel que disse no título, Jesus não era manso : “Dizem que Jesus de Nazaré era humilde e manso. Dizem que, embora justo e reto, era homem tímido, e foi confundido muitas vezes pelos fortes e poderosos, e que, quando se achava diante de homens de autoridade, não passava de um cordeiro entre leões.
Mas eu digo que Jesus tinha autoridade sobre os homens e que conhecia Seu poder e o proclama entre as colinas da Galiléia e nas cidades da Judéia e da Fenícia.
Que homem condescendente e brando diria: “Eu sou a vida, eu sou o caminho para a verdade?
Que homem manso e humilde diria: “Eu estou em Deus, nosso Pai; e nosso Deus, o Pai, está em mim?
Que homem inseguro de sua própria força diria : “Quem não acredita em mim não acredita nesta vida nem na vida sempiterna”?
Que homem incerto do amanhã proclamaria: “Vosso mundo passará e se converterá em cinzas esparsas antes que passem as minhas palavras”?
Duvidava Ele de si mesmo quando disse àqueles que tentavam embaraçá-lo com uma prostituta: “Quem estiver sem pecado atira a primeira pedra”?
Temeu a autoridade quando lançou os cambistas para fora do átrio do templo, embora fossem licenciados pelos sacerdotes?
Estavam suas asas aparadas quando gritou bem alto :“Meus reino está acima de vossos reinos terrenos”?
Estava procurando abrigo em palavras quando repetiu e tornou a repetir: “Destruirei este templo, e Eu o reconstruirei em três dias”?
Era um covarde quem sacudiu o punho à face das autoridades e chamou-lhes “mentirosas, vis, corruptas e degeneradas”?
Um homem bastante ousado para dizer essas coisas àqueles que governavam a Judéia poderia ser considerado manso e humilde?
Não. A águia não constrói seu ninho no salgueiro-chorão.
E o leão não busca sua caverna entre as samambaias.
Sinto-me mal e minhas entranhas agitam-se e revoltam-se dentro de mim quando ouço os débeis de coração chamarem Jesus humilde e manso, para assim justificarem sua própria debilidade; e quando os calçados pés, para seu consolo e conforto, falam de Jesus como de um verme brilhando ao seu lado.
Sim, meu coração fica doente com tais homens. Pois o que eu prego e o caçador poderoso e o espírito invencível das alturas! Conclui Nataniel.
No filme estadunidense Reis dos Reis, produzido em 1961, o diretor Nicholas Ray respeitou a personalidade do Cristo. O ator Jeffrey Hunter que interpreta Jesus, quando aparece nas primeiras cenas, está sempre de costas. Não se vê a sua face. Foi um exemplo de respeito. Certamente seguiu seu colega William Wyler quando em 1959 dirigiu o clássico Ben Hur, interpretado por Charlton Heston. Numa das cenas, quando está sendo levado como escravo para as galés, Jesus estava no caminho e aparece de costas dando-lhe um gole d´agua sem temer o açoite do soldado romano que fica estupefato ao encarar a face do Cristo.
Jesus
expulsa do Templo os cambistas entre eles os vendedores de aves para os
sacrifícios, por
Carl Bloch.
Um dia depois da sua entrada triunfal em Jerusalém, Jesus expulsou do Templo os que lá vendiam e compravam, dizendo-lhes que era Casa de oração para todos e eles pretendiam fazer dela uma caverna de ladrões. Marcos 11:1
*Vicente Vecci é editor do Jornal do Síndico- www.jornaldosindicobsb.com.br