Quinta, 12 de fevereiro de 2015
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) subiu à tribuna
nesta quarta-feira (11) para dizer que a palavra impeachment é
perigosíssima e mostra uma democracia doente, mas é realidade e está na
boca do povo. Em sua avaliação, o governo precisa ouvir o clamor das
ruas.
De acordo com o parlamentar, embora “existam golpistas com vontade de
impeachment”, essa possibilidade não é resultante de golpe, mas de
“sucessivos erros do governo na política econômica”.
— É culpa de um governo que, até três meses atrás, falava com a voz
do marqueteiro mentindo e agora fala com a verdade do ministro da
Fazenda. As medidas duras não fariam essa palavra dura, impeachment,
aparecer. O que leva a ela é o fato de que Dilma contradiz, como
presidente, seu discurso de candidata.
Cristovam tratou também do que seria uma suposta perda do controle do
funcionamento do Congresso. Citou, como o que considera exemplo dessa
situação, o comportamento do presidente da Casa, Renan Calheiros, na
sessão seguinte à sua eleição.
— O PT, o PMDB, todos os partidos da base do governo têm de
entender que há um profundo descontentamento na sociedade e deve-se
abrir o diálogo. A presidente prometeu diálogo no primeiro dia, no
momento da sua eleição e o esqueceu depois.
Em aparte, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) observou que um pedido
de impeachment precisa ser processado e julgado pelo Senado, motivado
por fato objetivo e responsabilidade objetiva. Para ela, essa discussão
remete a golpe, e não a um debate democrático.
— A oposição não se convenceu de que perdeu a eleição. Nós não temos
medo de assumir que temos uma crise e dificuldade para enfrentar, mas
não é com discurso fácil que nós vamos enfrentar essa dificuldade.
Cristovam disse não integrar movimento por impeachment de Dilma.
Afirmou, no entanto, que o governo precisa reconhecer sua
impopularidade, sentimento que pode crescer, como advertiu.
— Aí se perde o controle, como vocês perderam o controle da economia
por falta de ouvir alertas. A cegueira, aliada ao golpismo, é um perigo
muito grande para a nossa democracia — afirmou Cristovam.
Fonte: Agência Senado