Domingo, 8 de
fevereiro de 2015
André Richter
- Enviado Especial da Agência Brasil/EBC
O último investigado na nona fase da Operação Lava Jato que
faltava ser preso entregou-se hoje (8) na Superintendência da Polícia Federal,
em Curitiba, onde os demais envolvidos estão presos. Mário Frederico Mendonça
Goes estava foragido desde quinta-feira (5), quando teve prisão decretada, mas
não foi encontrado em seu endereço no Rio de Janeiro.
Segundo o Ministério Público Federal, Goes operava um
esquema de corrupção na Petrobras usando a mesma forma de atuação do doleiro
Alberto Youssef e do empresário Fernando Baiano: recolhendo propina de empresas
privadas para agentes da estatal e ocultando a origem dos recursos.
Goes apareceu nas investigações por meio de delação premiada
do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e de depoimento espontâneo de Cíntia
Provesi Francisco, ex-funcionária da Arxo Industrial, cujos sócios foram
presos, acusados de pagar propina à BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.
Com o dinheiro oriundo de pagamentos indevidos, Goes é suspeito da compra de um
avião particular, registrado em nome de sua empresa, a Riomarine Óleo e Gás.
A ex-funcionária da Arxo afirmou que os pagamentos de
propina eram intermediados por Mário Goes. Para dar aparência de licitude aos
contratos, a Arxo usava notas fiscais frias compradas de terceiros, segundo a
denúncia. Barusco disse que havia um "encontro de contas" entre ele e
Goes, nos quais eram entregues "mochilas com grandes valores de propina,
em espécie", que variavam entre R$ 300 mil e R$ 400 mil. No local, era
feita a conferência de cada contrato, contabilizando-se as propinas pagas e as
pendentes.
De acordo com o Ministério Público Federal, Gilson João
Pereira e João Gualberto Pereira, sócios da Arxo, e Sergio Ambrosio Marçaneiro,
diretor financeiro, pagavam propina para obter contratos com a BR
Distribuidora. Todos estão presos na Superintendência da Polícia Federal em
Curitiba. Os pagamentos ocorreriam em contratos com a BR Aviation, empresa da
Petrobras especializada no abastecimento de aeronaves. A Arxo vende tanques de
combustíveis e caminhões-tanque.
Segundo o advogado Leonardo Pereima, os sócios da empresa
nunca pagaram propina para a Petrobras e não tiveram contato com o ex-gerente
da estatal Pedro Barusco e com o ex-diretor de Serviços Renato Duque. Para a
defesa, as acusações decorrem apenas de vingança da ex-funcionária do
Departamento Financeiro, demitida por desviar cerca de R$ 1 milhão.