Segunda, 2 de
fevereiro de 2015
André Richter -
Repórter da Agência Brasil
O
depoimento no qual o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) é citado pelo policial
federal Jayme Alves de Oliveira Filho, como beneficiário de dinheiro desviado
da Petrobras, será enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte
será responsável pela análise das declarações do agente policial, preso na
Operação Lava Jato. A informação consta em despacho proferido hoje (2) pelo
juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações na primeira
instância.
A
remessa do depoimento ao STF conta com parecer favorável do Ministério Público
Federal (MPF), órgão que lidera a força-tarefa nas investigações. De acordo com
a petição do MPF, as declarações do policial fazem "menção a pessoas com
prerrogativa de foro em decorrência da função que exercem, sendo necessário
prévio exame do caso pelo Supremo".
De
acordo com reportagem divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 8 de
janeiro, o policial Jayme Alves, conhecido como Careca, afirmou, em depoimento
à Polícia Federal, que foi enviado a Belo Horizonte para entregar R$ 1 milhão a
Anastasia, a pedido de Youssef.
Segundo
o agente, o dinheiro foi entregue em 2010, em uma casa da capital mineira, a
uma pessoa que não se identificou. Conforme o policial, o doleiro disse que o
dinheiro era para o então governador Antônio Anastasia.
Em
nota divulgada após a publicação da reportagem, Anastasia disse que nunca se
encontrou com o policial e que não conhece Alberto Youssef.
"Em
primeiro lugar, registro que não conheço este cidadão. Nunca estive ou falei
com ele. Da mesma forma, não conheço, nunca estive ou falei com o doleiro
Alberto Youssef. Em 2010, como governador de Minas Gerais, não tinha qualquer
relação com a Petrobras, que não tinha obras no estado, ademais do fato de eu
ser governador de oposição ao governo federal", disse o senador.
Em
petição encaminhada no último dia 13 à Justiça Federal, em Curitiba, o próprio
doleiro Alberto Youssef negou que tivesse ordenado o envio de dinheiro para
Anastasia.
Por
determinação do juiz Sérgio Moro, Jayme Alves foi afastado das funções de
policial federal em novembro passado. De acordo com as investigações, Jayme
prestava serviços ao doleiro na entrega de remessas de dinheiro. Ele é réu em
uma das ações penais da operação e não fez acordo de delação premiada.