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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Ameaça de parcelamento de salários expõe projeto do GDF de desmonte dos serviços públicos

Quarta, 16 de agosto de 2017
Do Sinpro DF
Respaldado na eterna desculpa da falta de recursos financeiros, o governador Rollemberg vem há três anos protelando direitos adquiridos – aprovados em lei – aos servidores do DF. Exemplos não faltam. O governador não paga a última parcela do Plano de Carreira (referente a setembro de 2015), sem falar no não pagamento das pecúnias devidas aos aposentados. Para piorar, tentou – via judicial – tornar o Plano de Carreira inconstitucional e ingressou com recurso para impedir o julgamento das ações que cobram o legítimo reajuste.

A novidade do momento é a possibilidade de parcelamento de salários dos servidores públicos já a partir de setembro ou até mesmo o atraso do pagamento de aposentadorias.

Na verdade, o que se esconde por trás da suposta crise de caixa é a falta de gestão e a incapacidade de Rollemberg em lidar com as contas públicas, elegendo o servidor público como o vilão da história. O resultado desse tipo de atitude é claro: os serviços públicos estão cada vez mais sucateados; os servidores, desmotivados; e a sociedade, desassistida.

O fato é que essa receita representa um prato cheio para Rollemberg avançar sobre direitos dos servidores e minimizar a atuação do Estado, entregando à iniciativa privada o controle dos serviços públicos – na mesma linha do que já vem sendo feito pelo ilegítimo Temer na esfera federal. Não é de hoje que o governador do DF vem dando calote nos servidores públicos e precarizando os serviços prestados à população. Dentre seus ataques, estão os constantes atrasos de pagamento de salários e benefícios, ameaças de demissão com o PLC 106/2017 por meio de avaliações e, recentemente, o desmanche do maior hospital público do DF, o Hospital de Base.

Terrorismo

O parcelamento de salários também é uma falácia, que serve apenas para conter os servidores nas suas reivindicações. Pela lógica do GDF, estar com salários em dia já representaria um grande ganho ao funcionalismo local e desestimularia os servidores a realizar manifestações e greves.

A diretoria colegiada do Sinpro entende que um dos propósitos deste governo é aterrorizar os servidores para impedir que a categoria lute pelo aumento de salários e se posicione contra a perda de direitos.

Na ponta do lápis

Porém, os números dizem outra coisa. Dados levantados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) apontam a equivocada opção de Rollemberg em comparar a situação do DF com a do Rio de Janeiro, por exemplo.

Um verdadeiro absurdo. Para se ter uma ideia, o endividamento previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é de até 200% da Receita Corrente Líquida (RCL), enquanto que a dívida consolidada líquida do DF é de 23,55%. Outro indicador é a dívida que unidades da Federação têm com o Tesouro Nacional. O DF ocupa apenas a 16ª posição do endividamento dos estados com a União, o que é considerado baixo.

Por isso mesmo, de que adianta um endividamento baixo se falta investimento público? O GDF utiliza uma matemática perversa para manter-se assim. 

As despesas com investimento (planejamento e execução de obras, por exemplo) poderiam gerar empregos e, consequentemente, gerar renda, aumentar consumo e repercutir na arrecadação tributária do DF. Porém, as despesas com investimentos, até junho de 2017, estão muito aquém do previsto para o ano, pois o governo local empenhou somente 18,69% do orçamento previsto.

Paralelamente, as Receitas Tributárias – que compõem a maior parte das Receitas do DF – cresceram 3,57%, quando comparados os seis primeiros meses deste ano com o mesmo período de 2016.

No caso da Educação a questão é gritante. Há Receitas já autorizadas, por meio de convênios, que não foram empenhadas para a realização de investimentos na Função Educação. Em 2017 (posição em 2 de agosto), de R$ 72.617.221,00 de dotação autorizada, foram empenhados – em 7 meses – somente R$ 5.046.807,52, ou seja, nem 7% do orçamento autorizado. Esses recursos podem ser usados para a Manutenção da Educação Básica, construção de unidades de ensino e transporte de alunos.

Traduzindo, não é preciso ser expert para ver que as contas do GDF não guardam coerência alguma.

Claque na contramão

A despeito da suposta ausência de caixa, Rollemberg mantém na estrutura de governo uma espécie de claque, ou seja, uma equipe de profissionais contratados para aplaudir as iniciativas do GDF – seja nas redes sociais ou em alguma agenda pública com a presença do chefe do Executivo.

Sob o nome de “Coordenação de Mobilização”, a assessoria custa R$ 63.861,67 por mês, ou seja, R$ 766.340,04 ao ano, segundo dados levantados pelo jornal Metropoles.

Frente em Defesa do Serviço Público

Servidores de diversas áreas do funcionalismo distrital estão se reunindo e fortalecendo a Frente em Defesa do Serviço Público. Os trabalhadores já realizaram um intenso debate e planejam mobilizações contra os prejuízos que Rodrigo Rollemberg está gerando para os trabalhadores.

Neste momento, é fundamental debater estas questões com a sociedade, manter a categoria mobilizada e unificar a luta contra a retirada de direitos.
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